Com participação inferior a 25%, Argélia aprova mudanças na Constituição

Após boicote, menos de um quarto dos eleitores votou no referendo pela reforma constitucional argelina

A votação ao referendo para a revisão constitucional da Argélia, neste domingo (1), terminou com comparecimento de menos de um quarto dos eleitores. Destes, 66,8% votaram em favor da reforma.

O índice de participação de 23,7% é o mais baixo já registrado no país, como afirmou o chefe da Anie (Autoridade Eleitoral Independente Nacional), Mohamed Charfi, na segunda (2), à Al-Jazeera.

A ausência mostra a força do movimento Hirak, que pediu pelo boicote à votação. O Hirak é o principal motor dos protestos que se desenrolam no país do norte da África desde o início de 2019.

Com baixa participação, Argélia aprova mudança na constituição
Eleitor vota no referendo para a reforma da constituição da Argélia, na capital Argel, em 1 de novembro de 2020 (Foto: Xinhua)

De acordo com o grupo, a revisão acarretará em mudanças de “fachada”, já que mantém os principais poderes e nomeações nas mãos do presidente.

Em resposta, o chefe de Estado argelino, Abdelmadjid Tebboune, eleito em dezembro de 2019, defendeu que o texto responde às demandas do grupo. Há propostas de melhorias sociais e econômicas mas, de acordo com o Hirak, todas as proposições são “vazias”.

Uma evidência está na campanha do referendo. Enquanto a mídia estatal fazia coro para a aprovação da reforma, o governo proibiu campanhas contrárias à “nova Argélia”.

Ainda que boa parte da população tenha visto o referendo com apatia, há registro de manifestações na capital, Argel, e na região da Cabília, banhada pelo Mediterrâneo e tradicional por sua agitação política.

Com 44 milhões de habitantes, a Argélia foi afetada pela pandemia após a redução drástica do preço do petróleo, sua principal fonte de receita. Em 2018, a taxa de desemprego de jovens chegava a 27%. Com a pandemia, a estimativa é que a desocupação atinja níveis ainda mais altos.

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