Isolamento acentua pobreza de 1,6 bilhão de trabalhadores informais

Os mais afetados, segundo OIT, são pessoas que trabalham em setores como turismo, hotelaria e varejo

Cerca de 1,6 bilhão dos dois bilhões de trabalhadores informais no mundo foram muito afetados pelas medidas de isolamento social e restrição de funcionamento na economia. Os resultados foram divulgados nesta quinta (7) pela OIT (Organização Internacional do Trabalho).

Em países de baixa renda, os níveis de pobreza entre esses trabalhadores deve aumentar em até 56 pontos percentuais. O índice deve crescer 52 pontos percentuais nas nações de alta renda e 21 pontos percentuais nas de renda média alta, como o Brasil.

A maioria dos trabalhadores informais afetados pela pandemia do novo coronavírus estão inseridos nos setores que mais sofreram, como hotelaria, alimentação, manufatura, atacado e varejo.

Entre os mais afetados estão também mais de 500 milhões de agricultores que abastecem os mercados urbanos. O estudo da OIT destaca ainda que as mulheres tendem a ser o grupo que sofre o maior impacto: 42% delas estão informais, ante 32% dos homens.

Trabalhadores costurando máscaras na Argélia (Foto: OIT)

Dilema

Os trabalhadores informais muitas vezes têm nessas ocupações as únicas fontes de renda da família. Por isso, enfrentam o dilema entre morrer de fome e ficar em casa ou sair para trabalhar e ser contaminado.

O impasse chega aos governos, que tentam implementar medidas para evitar a disseminação da doença.

Mais de 75% do emprego informal está em empresas com menos de dez trabalhadores, incluindo 45% dos trabalhadores autônomos sem funcionários. Entre os 67 milhões de trabalhadores domésticos do mundo, 75% vivem na informalidade. Para os 11 milhões de trabalhadores domésticos migrantes, a situação é ainda pior.

“A crise do Covid-19 está exacerbando as vulnerabilidades e desigualdades já existentes”, afirmou Philippe Marcadent, chefe do serviço InWork da OIT. “As respostas devem garantir que o apoio chegue aos trabalhadores e às empresas que mais precisam.”

Renda

O relatório da OIT aponta expectativa de queda na renda dos trabalhadores informais de 60% em todo o mundo. Os números crescem quando a análise é feita em países de baixa renda, com retração de 82% na receita doméstica.

Em países de alta renda, o índice é de 76%. Nas nações de renda média alta, 28%. No primeiro caso, os altos números refletem a inclusão de grandes economias, como Estados Unidos e França. Nesses locais, a economia informal é significativa e foram adotadas medidas de isolamento completo.

Por região

Os países com maior número de informais no mercado de trabalho são os que mais sofrem com a pandemia. Na América Latina e nos Estados Árabes, a porcentagem de trabalhadores informais afetados pela pandemia é de 89%.

A África não fica muito atrás, com 83%. Na Ásia e o Pacífico, a crise do coronavírus afeta 73% dos trabalhadores da economia informal. A Europa e Ásia Central registram o menor percentual, ainda assim alto, com 64%.

No estudo, a OIT recomenda que os países adotem políticas que reduzam a exposição de trabalhadores informais ao vírus, garantindo que pessoas infectadas tenham acesso a atendimento médico e fornecendo renda e alimento para as famílias mais afetadas pela pandemia.

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