Conflitos impedem ajuda a mais de 95 mil refugiados eritreus na Etiópia

Disputa em Tigré dificulta o acesso humanitário; refugiados tentam migrar para a capital da Etiópia, Adis Abeba

Cercados pelos conflitos entre o governo da Etiópia e as forças rebeldes de Tigré, cerca de 95 mil refugiados eritreus estão sem suprimentos há semanas. As informações são do portal The New Humanitarian.

Os refugiados estão abrigados em quatro campos da região e relatam que os alimentos e água estão acabando rapidamente. Deixar o local se tornou mais difícil depois que o exército etíope tomou a capital regional, Mekelle, no sábado (28).

O governo já proibiu a circulação de automóveis nas estradas e decretou o fechamento de bancos, o que impede a chegada de recursos das famílias que moram em outros países.

“Estamos cercados pela guerra e não podemos nos mover”, disse um refugiado do campo de Mai-Aini. Ao contrário de outras regiões de Tigré, o campo ao sul da província ainda possui cobertura de telefonia móvel.

Conflitos impedem suprimentos a mais de 95 mil refugiados eritreus na Etiópia
Refugiados eritreus em campo em um dos campos de Tigré, na Etiópia, em março de 2016 (Foto: União Europeia/Anouk Delafortrie)

O conflito em Tigré se intensificou no início de novembro. As disputas envolvem o governo do primeiro-ministro, Abiy Ahmed, e a TPLF (Frente de Libertação do Povo Tigré), antigo poder dominante no país.

Desde então, cerca de 45 mil etíopes já se deslocaram ao vizinho Sudão. Estima-se que cerca de 180 mil refugiados eritreus vivam na Etiópia. A maioria foge da perseguição política, das dificuldades econômicas e do serviço militar obrigatório na ditadura de Isaias Afwerki.

Acordo para ajuda humanitária

Nesta terça (2), o governo da Etiópia e a ONU (Organização das Nações Unidas) assinaram um acordo para permitir o acesso “desimpedido” de ajuda humanitária às áreas de controle federal.

As equipes deverão levar remédios e alimentos a cerca de seis milhões de pessoas na região de Tigré, conforme o jornal norte-americano “Washington Post”.

Antes da crise, Tigré mantinha um estoque razoável de alimentos e água – em grande parte com auxílio da Acnur (Agência das Nações Unidas para Refugiados) e outras organizações humanitárias. O governo etíope, porém, expulsou todas as equipes da região logo no início dos confrontos.

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