O governo do primeiro-ministro Abiy Ahmed assumiu o controle da região de Tigré, no norte da Etiópia, na madrugada desta quinta-feira (12). Em declaração no Twitter, Abiy afirmou que a província foi “libertada” após combate com as forças locais.
De acordo com a Reuters, centenas morreram após ataques aéreos e combates terrestres no conflito. “O exército agora está fornecendo assistência e serviços humanitários”, disse Ahmed, Nobel da Paz em 2019 e representante da etnia oromo.
As lideranças da Frente de Libertação do Povo Tigré confirmaram a invasão e decretaram estado de emergência em comunicado na emissora local.
As disputas em Tigré se acentuaram no início do mês, quando Ahmed enviou tropas à região após um suposto ataque em uma base militar que envolveu roubo de artilharia.
Abiy acusa os líderes de Tigré de desrespeitar a Constituição etíope. O partido realizou eleições locais no dia 9 de setembro sem a autorização do governo, que adiou o pleito para 2021 por conta da pandemia do novo coronavírus.
Aumenta número de deslocados
Desde o início das disputas, cerca de 100 mil pessoas deixaram a região em direção ao Sudão. Conforme autoridades relataram ao “Washington Post”, o país vizinho se prepara para receber até 200 mil deslocados.
De acordo com o chefe da agência de refugiados da província sudanesa de Kassala, Al-Sir Khalid, mulheres e crianças são a maior parte entre os deslocados. “Eles chegam exaustos, com fome e sede após uma caminhada de longa distância em terreno acidentado”, disse à Associated Press.
Com todas as redes de comunicação cortadas, a população de Tigré vê os estoques de mantimentos se esgotarem desde que o governo impediu a entrada de caminhões de suprimentos à região.
“Precisamos de ajuda humanitária o mais rápido possível. Combustível e comida são urgentes”, disse Khalid. Estima-se que 2 milhões de pessoas vivam em extrema pobreza e insegurança alimentar em Tigré.
Tigraenses, que dominavam a política local até a ascensão de Ahmed, em 2018, tornaram-se alvos de ataques em toda a Etiópia. O país africano de 109 milhões de habitantes é conhecido pelas disputas entre as dezenas de grupos étnicos.