Covid-19 ameaça existência de companhias aéreas africanas

Iata indica que empresas africanas podem perder US$ 6 bilhões em receita este ano e metade de seus funcionários

A pandemia do novo coronavírus aumentou a dívida de companhias aéreas africanas que já sobreviviam apenas diante do auxílio do governo de seus países.

Agora, sem receita, essas empresas enfrentam ainda mais dificuldades para sobreviver, segundo a agência de notícias Associated Press.

Em abril, a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) indicou que as companhias aéreas africanas podem perder US$ 6 bilhões em receita, na comparação com o ano passado.

Metade dos seis milhões de empregos gerados no setor podem ser extintos. O motivo é a queda no tráfego aéreo que, neste ano, pode cair também pela metade.

Enquanto muitas dessas empresas são importantes para a economia de seus países, muitos questionam os gastos que geram para governos. Os subsídios e auxílios setoriais vêm de orçamentos nacionais já apertados, com poucas condições de sustentá-las.

Grandes perdas

Lançada em 2010, a Asky Airlines é uma das companhias que vem sofrendo com a pandemia do coronavírus.

Criada por um grupo de bancos regionais para ampliar a oferta de transporte na África Central e Ocidental, a empresa tem nove aeronaves estacionadas. Com a paralisação do setor, a dificuldade é de manter os aviões até que os negócios sejam retomados.

Até a Ethiopian Airlines, única companhia aérea lucrativa da África, enfrenta enormes perdas. A estimativa é de US$ 550 milhões para o período entre janeiro e abril.

Para sobreviver, a empresa vem apostando em transporte de carga. Um nicho explorado pela Ethiopian foi o de envio de suprimentos médicos para outras regiões, como a América Latina.

Funcionários

A South African Airways não é rentável desde 2011 e está sob proteção contra falência desde dezembro do ano passado.

Agora, o governo exige um novo plano de negócios para manter a companhia. Quase cinco mil funcionários podem ser demitidos.

Covid-19 ameaça existência de companhias aéreas africanas
South African Airways pode passar por reestruturação devido a pandemia (Foto: South African Airways/Reprodução)

Em Uganda, a companhia aérea que leva o nome do país mal teve tempo de reabrir, após anúncio de seu “renascimento ” pelo presidente Yoweri Museveni. Os quatro novos aviões estão parados no pátio.

Na Kenya Airlines, funcionários enfrentam cortes salariais de até 80% desde que a empresa foi estatizada no ano passado. Em fevereiro, a empresa recebeu um empréstimo de US$ 5 milhões do governo, mas o seu futuro ainda é incerto.

Em Ruanda, o governo anunciou que irá aumentar o financiamento para a RwandAir. A redução de custos da companhia aérea inclui cortes salariais de até 65% e suspensão sem prazo dos contratos com pilotos e funcionários não essenciais.

Já a Air Zimbabwe acumulava uma dívida de mais de US$ 300 milhões mesmo antes da pandemia. Em abril, a empresa colocou dezenas de funcionários em licença não remunerada até que pudesse voltar a voar.

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