Dezenas de migrantes senegaleses podem ter morrido durante viagem rumo à Espanha

Episódio com até 60 vítimas amplia lista de tragédias na rota de migração do Atlântico, uma das mais mortais do mundo

Após o resgate de um barco que naufragou próximo à ilha de Cabo Verde no começo desta semana, surgem preocupações de que pelo menos 56 migrantes possam ter perdido a vida. As vítimas, que estavam em uma piroga que inicialmente transportava mais de cem pessoas, estavam engajadas em uma viagem de um mês que partiu do Senegal em direção à Espanha, disseram autoridades e defensores dos migrantes nesta quinta-feira (17). As informações são da agência Associated Press.

A piroga, um tipo de canoa tradicional senegalesa, foi localizada na segunda-feira (14) por um navio de pesca espanhol chamado Zillarri, conforme divulgado pelo Serviço de Resgate Marítimo da Espanha. Sete corpos foram localizados no barco, enquanto ao menos 56 pessoas estão desaparecidas no mar e presumivelmente mortas, relatou Safa Msehli, porta-voz da Organização Internacional para Migração.

O Ministério das Relações Exteriores do Senegal confirmou o resgate de 38 migrantes no início desta semana, próximo a Cabo Verde, a cerca de 620 quilômetros da costa da África Ocidental. Entre os sobreviventes, estão quatro jovens com idades entre 12 e 16 anos.

Pirogas, canoas tradicionais senegalesas na praia de Ouakam, em Dacar (Foto: WikiCommons)

De acordo com o grupo espanhol humanitário Caminando Fronteras, o barco envolvido partiu do Senegal em 10 de julho.

Após o resgate, Cheikh Awa Boye, presidente da associação local de pescadores, relatou que os sobreviventes entraram em contato com suas famílias em Cabo Verde. Boye acrescentou que dois de seus sobrinhos estão entre as pessoas desaparecidas.

Um representante da Pevasa, a empresa de pesca de atum tropical que opera o navio Zillarri, informou que os sobreviventes estavam em “condições precárias” e pedindo ajuda.

Nos primeiros seis meses de 2023, quase mil migrantes perderam a vida na tentativa de alcançar a Espanha por via marítima, de acordo com informações da ONG espanhola, que acrescentou que essas pessoas buscam alcançar as Ilhas Canárias, território espanhol, localizadas na costa noroeste da África, as quais têm servido como ponto de partida para acessar a Europa.

Neste ano, aproximadamente 10 mil pessoas conseguiram chegar às Ilhas Canárias via marítima, de acordo com estatísticas fornecidas pelo Ministério do Interior espanhol.

Os migrantes enfrentam uma série de desafios complexos que os levam a correr riscos extremos, viajando em barcos superlotados em direção às Canárias. Fatores como economias em crise, falta de empregos, violência extremista, agitação política e os efeitos da mudança climática contribuem para essa situação.

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