Em Camarões, eleitores vão às urnas sob ataques de separatistas

Um vereador foi morto e dois clérigos ficaram feridos ao votar na região noroeste do país, alvo de separatistas

Os eleitores de Camarões, na África Ocidental, foram às urnas em massa no pleito regional deste domingo (6), mesmo sob ataques de separatistas. Segundo a Reuters, um vereador foi morto e dois clérigos ficaram feridos em meio a tiroteio.

As ações aconteceram no noroeste do país, região afetada pela violência de grupos separatistas armados. No mesmo dia, forças de segurança mataram um comandante separatista na comuna de Babessi.

Os insurgentes pleiteiam desde 2016 a independência da Ambazônia – a região anglófona se separaria de Camarões, onde a maioria fala francês. Antes da votação, militantes prometeram boicotar o pleito e prender eleitores.

Em Camarões, eleitores vão às urnas sob ataques de separatistas
Eleitora em seção de Yaounde, capital de Camarões, em 6 de dezembro de 2020 (Foto: Xinhua/Jean Pierre Kepseu)

Apesar dos ataques, porém, as autoridades locais afirmaram à emissora CGTN que não houve qualquer ocorrência para inviabiliar as eleições. Mesmo nas regiões em conflito – noroeste e sudoeste –, os eleitores participaram em massa da votação.

Os eleitores votaram para nomear conselhos locais nas dez regiões do país. A votação dá efeito a uma lei de 1996, que prometia um governo descentralizado – até então nunca promulgada.

“Essa é primeira vez que esse tipo de eleição ocorre em nosso país”, celebrou o político tradicional Micheal Ndoumbe à agência chinesa Xinhua. “Sinto que o país está mudando para melhor”.

A Comissão Eleitoral deve divulgar os resultados parciais até quarta-feira (9). A oficialização dos eleitos deve sair até o dia 21, conforme datas estipuladas no Código Eleitoral de Camarões.

Eleições são resposta a separatistas

A expectativa do presidente de Camarões, Paul Biya, é que a votação acalme os críticos de seu governo e coloque um ponto final à insurgência de separatistas nas regiões em conflito.

A disputa já se tornou a maior ameaça ao político, que comanda o país há 38 anos. Segundo oponentes, a votação não passa de uma “máscara”, já que grande parte dos candidatos estão ligados ao partido de Biya.

Além disso, os conselhos terão participação no desenvolvimento, mas não poderão alterar leis aprovadas pela Assembleia Nacional ou Senado. Desde 2016, os conflitos separatistas mataram mais de três mil pessoas e forçaram o deslocamento de 500 mil.

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