Massacre de crianças expõe avanço de separatistas anglófonos em Camarões

Oito crianças morreram e 13 ficaram feridas; governo atribuiu os ataques aos separatistas, concentrados perto da Nigéria

Os ataques que mataram oito crianças e deixaram outras 13 feridas no sábado (24), em uma escola de Kumba, na região noroeste de Camarões, expõe o avanço dos conflitos separatistas no país.

Na segunda (26), o governo culpou os militantes pelos ataques, registrou a Deutsche Welle. Há registros diários de tiroteios entre militares e separatistas no país de 25 milhões de habitantes. A porção anglófona de Camarões está concentrada no oeste do país, próximo à fronteira com a Nigéria.

O governo de Camarões e grupos separatistas anglófonos se acusam mutuamente de matar civis durante conflitos nas províncias do noroeste e do sudeste do país desde 2017.

Mais de três mil pessoas morreram desde então e pelo menos 700 mil foram forçadas a deixar suas casas.

Massacre de crianças expõe avanço de separatistas em Camarões
Escola em Kumba, Camarões, local do ataque que matou oito crianças e feriu 13 em outubro de 2020 (Foto: Twitter/ONG Education’s Child)

A crise começou em 2016, quando professores e advogados tomaram as ruas para protestar contra o domínio do francês nos tribunais e escolas de língua inglesa.

A greve ganhou corpo rápido e, em novembro, boa parte da população já pedia por reformas políticas na região. Na sequência, os grupos separatistas tomaram força.

Mesmo com a pandemia, a violência teve escalada rápida no país. Em abril, os militantes mataram um prefeito na cidade de Mamfe, próxima à fronteira nigeriana. Seis pessoas foram mortas quando tentavam ir ao funeral.

Sem sucesso nas tentativas de paz com os combatentes, o presidente Paul Biya, há 38 anos no poder, já pediu ajuda à UE (União Europeia), os Estados Unidos e a Alemanha. Não houve resposta de nenhum dos países, além de notas de condenação à violência.

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