Os ataques que mataram oito crianças e deixaram outras 13 feridas no sábado (24), em uma escola de Kumba, na região noroeste de Camarões, expõe o avanço dos conflitos separatistas no país.
Na segunda (26), o governo culpou os militantes pelos ataques, registrou a Deutsche Welle. Há registros diários de tiroteios entre militares e separatistas no país de 25 milhões de habitantes. A porção anglófona de Camarões está concentrada no oeste do país, próximo à fronteira com a Nigéria.
O governo de Camarões e grupos separatistas anglófonos se acusam mutuamente de matar civis durante conflitos nas províncias do noroeste e do sudeste do país desde 2017.
Mais de três mil pessoas morreram desde então e pelo menos 700 mil foram forçadas a deixar suas casas.
A crise começou em 2016, quando professores e advogados tomaram as ruas para protestar contra o domínio do francês nos tribunais e escolas de língua inglesa.
A greve ganhou corpo rápido e, em novembro, boa parte da população já pedia por reformas políticas na região. Na sequência, os grupos separatistas tomaram força.
Mesmo com a pandemia, a violência teve escalada rápida no país. Em abril, os militantes mataram um prefeito na cidade de Mamfe, próxima à fronteira nigeriana. Seis pessoas foram mortas quando tentavam ir ao funeral.
Sem sucesso nas tentativas de paz com os combatentes, o presidente Paul Biya, há 38 anos no poder, já pediu ajuda à UE (União Europeia), os Estados Unidos e a Alemanha. Não houve resposta de nenhum dos países, além de notas de condenação à violência.