O Wagner Group conseguiu resistir à perda de seu fundador e líder Evgeny Prigozhin, morto na queda de um avião em 23 de agosto de 2023. Entretanto, a organização paramilitar privada está enfraquecida, e um sinal disso foi dado no final de semana. Ao menos 50 mercenários morreram em um violento choque com jihadistas no Mali, segundo relato da revista Newsweek.
O confronto teria ocorrido contra uma facção rebelde formada por tuaregues e contra o Jamaat Nasr al-Islam wal Muslimin (JNIM), um grupo extremista islâmico ligado à Al-Qaeda.
Inicialmente, informações provenientes da África sugeriram cerca de 50 membros do Wagner mortos. Segundo a agência Associated Press (AP), um vídeo exibe alguns dos corpos e confirma tal contagem, igualmente citada pelo JNIM, que disse ter vingado “os massacres cometidos no centro e norte” do país.
No entanto, o canal de Telegram do grupo de extrema direita Rusich, associado ao Wagner, sugeriu baixas mais elevadas. “De acordo com minhas informações, mais de 80 pessoas foram mortas e mais de 15 estão em cativeiro por causa desta operação”, diz uma postagem do canal. “Isso diz respeito aos nossos camaradas russos e pessoal militar que representa os interesses russos.”
O canal ainda diz que o grupo paramilitar entrou em contato com o governo russo em busca de apoio. “Eu simplesmente peço ajuda ao Ministério da Defesa e ao governo da Pátria”, afirma o texto.
Os números citados pelo Rusich, no entanto, podem não se limitar aos mortos do Wagner. O jornal Financial Times diz que ao menos dois soldados das Forças Armadas do Mali também morreram, com alguns militares e mercenários feitos reféns pelas facções rebeldes. Cerca de 20 insurgentes também teriam sido mortos.
Faturamento bilionário
A perda de Prigozhin enfraqueceu politicamente o Wagner, mas o grupo segue ativo na África devido à importância estratégica do continente para o Kremlin. Trata-se de uma fonte de renda crucial para o país, afogado nos gastos com a guerra da Ucrânia. Moscou faturou, somente desde o início do conflito, US$ 2,5 bilhões com ouro de países africanos.
A Rússia ainda mantém laços políticos e econômicos históricos com vários países africanos, que vêm desde a Guerra Fria. Nos últimos anos, tais relações se fortaleceram, inclusive com acordos militares entre Moscou e alguns regimes, envolvendo vendas de armas, treinamento de forças locais e, em alguns casos, o estabelecimento de instalações russas.
No Mali, em particular, os mercenários têm a missão de combater a insurgência islâmica, assim como o fazem em nações vizinhas como Burkina Faso e Níger. Além da intensa presença russa, esses três países africanos guardam outra semelhança, pois são atualmente governados por juntas militares.