Especialistas da ONU alertam para risco de contínuas atrocidades na Etiópia

Situação segue piorando e há relatos de crimes contra a humanidade nos últimos três anos, mesmo após o cessar-fogo em Tigré

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

A Comissão Internacional de Peritos em Direitos Humanos para a Etiópia alerta para um grande risco de que as violações no país continuem. Em relatório divulgado na terça-feira (3), os especialistas recomendam que investigações independentes sobre a situação sejam mantidas.

O presidente da comissão, Mohamed Chande Othman, afirmou que o grupo de trabalho está seriamente preocupado com a situação na Etiópia e com o “potencial para futuras atrocidades”. Ele acrescenta que o relatório mostra que os principais fatores de risco para novos crimes seguem presentes no país.

Isso inclui as graves violações em curso, a violência e a instabilidade, além da “impunidade profundamente enraizada”.

O alerta foi divulgado na sequência de outro relatório da comissão, apresentado ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU no início deste mês. O documento concluiu que crimes de guerra e contra a humanidade foram cometidos na Etiópia desde 3 de novembro de 2020.

Soldados do exército da Etiópia em janeiro de 2014 (Foto: Tobin Jones/Wikimedia Commons)
Crimes contra a humanidade

As últimas descobertas detalhadas são baseadas numa avaliação dos fatores de risco para crimes atrozes, que são considerados os mais graves contra a humanidade. 

O relatório concluiu que todos os oito fatores de risco comuns e a maioria dos riscos específicos foram relatados na Etiópia.

Na avaliação do perito Steven Ratner, existe um risco de agravamento e, por isso, cabe à comunidade internacional garantir que as investigações persistam para que as violações dos direitos humanos possam ser abordadas e evitar tragédias.

Apesar da assinatura de um Acordo de Cessação de Hostilidades há quase um ano, a comissão determinou que continuam graves violações na região de Tigré.

Foram confirmadas a presença de forças da Eritreia na Etiópia e as contínuas atrocidades contra civis, em particular violações e outras formas de violência sexual.

A comissão também manifestou preocupação com a deterioração da situação na região de Amhara, incluindo relatos emergentes de execuções extrajudiciais e detenções em massa. 

Direitos humanos

Segundo a especialista da comissão Radhika Coomaraswamy, uma das funções mais importantes do Conselho dos Direitos Humanos é ajudar a prevenir violações dos direitos humanos e responder a emergências ligadas aos princípios fundamentais. Ela afirma que a situação na Etiópia merece atenção.

O mandato do grupo de especialistas, estabelecido pela primeira vez pelo Conselho dos Direitos Humanos em 2021, expira no final da 54.ª sessão do órgão, em 13 de outubro de 2023.

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