A Embaixada dos Estados Unidos na República Democrática do Congo declarou na segunda-feira (3) que as autoridades congolesas não compartilharam informações e nem permitiram acesso aos norte-americanos detidos após tentativa de golpe de Estado contra o presidente Felix Tshisekedi em Kinshasa no mês passado. O anúncio ocorreu depois que uma família solicitou ajuda para saber da situação de seu filho, de acordo com a agência Associated Press (AP).
O exército congolês divulgou os nomes de três indivíduos de nacionalidade norte-americana acusados de envolvimento no ataque liderado por Christian Malanga, uma figura pouco conhecida da oposição, em 19 de maio. Em nota, o Departamento de Estado dos EUA reafirmou que uma de suas prioridades é oferecer assistência consular aos cidadãos detidos no exterior, o que inclui visitas regulares para garantir cuidados médicos e auxiliar na busca por um advogado que fale inglês.
O porta-voz da embaixada dos EUA, Greg Porter, afirmou por e-mail à reportagem que foi solicitada às autoridades da RD Congo acesso consular para quaisquer cidadãos americanos detidos que ainda não tenham recebido. Um porta-voz militar congolês indicou que mais detalhes serão fornecidos futuramente.
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Malanga, um ativista da diáspora congolesa exilado nos EUA líder do Movimento Novo Zaire, que afirmava ser um ex-militar e já havia se autoproclamado presidente do país africano no passado, transmitiu ao vivo pelo Facebook a tentativa de golpe com seu filho Marcel Malanga, nascido no estado de Utah e um dos três cidadãos norte-americanos detidos. Eles ameaçaram o presidente Tshisekedi de dentro do palácio presidencial. Malanga foi morto a tiros por resistir à prisão, conforme relatado pelo exército congolês. Seis pessoas foram mortas e 50 suspeitos foram presos.
Não está claro o que aconteceu com os americanos envolvidos. Um vídeo nas redes sociais mostrou Marcel sendo levado sob custódia, enquanto estava ferido e amarrado. Outro homem no vídeo é Tyler Thompson Jr., de 21 anos, que, segundo a família de Marcel, era colega de time de futebol na escola. O outro cidadão dos EUA era um traficante de maconha condenado, chamado Benjamin Reuben Zalman-Polun.
Tyler viajou para a África com Marcel, alegadamente para férias financiadas por “alguém chamado Malanga”. Testemunhas disseram que Marcel ofereceu a Tyler até US$ 100 mil (R$ 528,6 mil) para um “trabalho de segurança” no Congo. A família de Tyler disse à reportagem na semana passada que não tinham certeza se ele ainda estava vivo.
A família de Thompson afirma que ele não estava ciente dos planos de Malanga e não tinha intenções de se envolver em atividades políticas no Congo, planejando apenas viajar para a África do Sul e Eswatini. Enquanto isso, a mãe de Marcel enfatiza a inocência de seu filho, sugerindo que ele simplesmente “seguiu seu pai”.
A mídia congolesa diz que os homens de Malanga chegaram a assumir o controle do palácio presidencial antes da resposta das Forças Armadas à tentativa de golpe. Na invasão, eles exibiram bandeiras do Zaire, símbolo nacional antes da mudança de nome do país para RD Congo.