Um tribunal francês ordenou nesta quarta (3) que Félicien Kabuga, acusado de financiar o genocídio de 1994 em Ruanda, país da África central, fosse entregue ao tribunal da ONU (Organização das Nações Unidas) para julgamento.
Kabuga foi preso em Paris no dia 18 de maio, após passar duas décadas foragido. O homem constava na lista dos fugitivos mais procurados do mundo. As informações são do canal de televisão France 24.
Denunciado em 1997 pelo Tribunal Penal Internacional da ONU para Ruanda, pesa sobre Kabuga sete acusações, de genocídio e crimes contra a humanidade.
Os promotores das Nações Unidas acusam Kabuga de financiar e armar as milícias da etnia hutu que mataram 800 mil tutsis e hutus não radicais em Ruanda.
De abril a julho de 1994, Kabuga foi chefe do Fundo Nacional de Defesa, que ajudava a financiar o genocídio. Ele também foi presidente da Rádio Televisão Libre des Milles Collines, cujas transmissões foram usadas pelos extremistas hutus para incitar o ódio contra os tutsis e identificar alvos para assassinatos.
Pedidos da defesa
Para os advogados de Kabuga, ele não receberá um julgamento justo no tribunal da ONU, baseado em Haia, na Holanda, e em Arusha, na Tanzânia.
Em carta ao procurador-chefe do tribunal da ONU, Serge Brammertz, os advogados pediram para que o caso fosse julgado pela Justiça francesa.
A defesa argumenta ainda que a transferência para a África seria arriscada devido à saúde frágil de Kabuga, sobretudo diante da pandemia do novo coronavírus.
O tribunal refutou a alegação e afirmou que a saúde não era “incompatível” com a transferência do homem de 87 anos. A defesa afirmou que irá recorrer da decisão.
Durante uma audiência no tribunal francês no último dia 27, Kabuga afirmou que as acusações contra ele eram mentira. “Eu não matei nenhum Tutsi. Eu trabalhava com eles”, teria afirmado, segundo a agência de notícias Reuters.