Grupo armado ameaça jornalistas e mata ativistas após tomar cidades da RD Congo, diz ONG

Após tomada de Goma e Bukavu, grupo separatista M23 reprime moradores com execuções, ameaças e censura à imprensa

A situação nas cidades de Goma e Bukavu, no leste da República Democrática do Congo, tornou-se dramática desde que foram capturadas pelo grupo armado M23 e seus aliados, no início deste ano. De acordo com a ONG Human Rights Watch (HRW), jornalistas, ativistas de direitos humanos e críticos ao grupo têm sofrido ataques diretos, ameaças e execuções, agravando ainda mais a tensão na região, conhecida há décadas por violentos conflitos.

Desde janeiro, quando o grupo tomou controle das duas cidades estratégicas nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul, mais de 200 ativistas já pediram proteção após sofrerem ameaças diretas dos combatentes do M23. Entre os casos mais graves está o assassinato do cantor e ativista Delphin Katembo Vinywasiki, conhecido como Delcat Idengo. Ele foi morto em sua própria residência por combatentes do grupo em 13 de fevereiro.

“O M23 há muito usa ameaças e intimidação para restringir o acesso da população à informação e controlar as críticas. Jornalistas já enfrentaram dificuldades para relatar a situação em Goma”, diz a HRW.

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Imprensa é alvo da violência do M23 na RD Congo (Foto: Matt C/Unsplash)

Os relatos de moradores denunciam uma rotina de violência extrema imposta pelo grupo. Em um episódio recente, combatentes invadiram a casa de um morador acusado de apoiar o Exército congolês e o agrediram severamente. “Não consigo mais andar. Eles me bateram, me atacaram e saquearam minha casa”, afirmou uma das vítimas da violência do M23.

A repressão foi confirmada pelo próprio grupo: em uma ocasião, um porta-voz do M23 admitiu a prisão de um ativista a pedido da organização, justificando que ele havia feito críticas ao regime imposto pelo grupo armado.

Para restabelecer algum grau de segurança nas regiões sob controle dos rebeldes, a pesquisadora sênior da HRW Clémentine de Montjoye pede que governos internacionais pressionem Ruanda, país apontado como aliado direto do M23, para que cessem os abusos contra civis.

“Durante este momento difícil nas cidades controladas pelo M23, a população local precisa ter acesso a informações essenciais e notícias confiáveis”, afirmou de Montjoye. “Os governos devem pressionar Ruanda para garantir que o M23 permita que jornalistas e ativistas funcionem sem restrições desnecessárias que estão colocando os civis em maior risco.” 

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