Inundações na Líbia deixam ao menos dois mil mortos e dez mil desaparecidos

A tempestade Daniel parece ser uma das mais letais já documentadas na região do Norte de África

A passagem da tempestade Daniel devastou o nordeste da Líbia no começo desta semana, resultando em pelo menos duas mil mortes e dez mil pessoas desaparecidas. O volume expressivo de chuvas causou o colapso de duas barragens e fez com que a água se espalhasse por áreas já inundadas. As informações são da rede CNN.

Os números preocupantes foram trazidos por Tamer Ramadan, porta-voz do CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho). Nesta terça (12), durante uma coletiva de imprensa em Genebra, na Suíça, ele enfatizou a magnitude das perdas humanas causadas pelo ciclone tropical, chamando-as de “enormes”.

A situação é extremamente grave e requer uma resposta imediata e coordenada para lidar com o impacto das enchentes e apoiar as comunidades afetadas, observou Ramadan.

Passagem da tempestade Daniel na cidade de Derna destruiu pontes, casas e edifícios (Foto: Redes sociais/Captura de Tela)

Na cidade portuária de Derna, onde vivem cem mil pessoas, local que sofreu os impactos mais severos das chuvas torrenciais e inundações, aproximadamente seis mil estão desaparecidas, de acordo com Othman Abduljalil, ministro da Saúde da administração oriental da Líbia, em entrevista à TV Almasar. Ele descreveu a situação como “catastrófica” durante sua visita à cidade na segunda-feira (11).

Segundo informações oficiais, três pontes foram destruídas, e a força da água arrasou bairros inteiros, levando veículos e destroços para o mar.

A situação em Derna é ainda mais complicada devido ao fato de que os hospitais na área não estão mais operacionais e os necrotérios estão superlotados, conforme relatou Osama Aly, porta-voz do serviço de emergência e ambulância.

A escala da destruição e da tragédia é significativa e demandará esforços substanciais para enfrentar as consequências e prestar assistência às vítimas, relatou Aly, acrescentando que corpos foram abandonados nas calçadas em frente aos necrotérios.

A chuva no nordeste da Líbia resulta de um sistema de baixa pressão que causou inundações na Grécia, Turquia e Bulgária na semana passada, resultando em um total de 27 vítimas fatais. Esse tipo de evento ocorre em um ano marcado por muitos desastres climáticos, como incêndios e calor extremo, devido ao aumento da temperatura dos oceanos, incluindo o Mediterrâneo.

Cientistas explicam que as águas mais quentes não apenas intensificam as chuvas, mas também tornam as tempestades mais poderosas, como observado por Karsten Haustein, climatologista da Universidade de Leipzig.

“A Líbia não estava preparada para uma catástrofe como esta. Nunca testemunhou esse nível de catástrofe antes. Admitimos que houve deficiências, embora esta seja a primeira vez que enfrentamos esse nível de catástrofe”, disse Aly ao canal Al Hurra.

A Líbia enfrenta uma vulnerabilidade significativa às mudanças climáticas e às tempestades de crescente intensidade. O aquecimento global leva à expansão das águas do Mediterrâneo, resultando em um aumento do nível do mar de 2,8 milímetros por ano, o que, por sua vez, contribui para ocorrência de inundações.

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