Líderes da CEDEAO discutirão possível intervenção no Níger na próxima semana

Eventual uso de força visa restaurar o presidente deposto por uma junta militar golpista da nação africana

Os líderes de Defesa das nações da África Ocidental estão programados para se reunir na próxima semana, visando discutir a possibilidade de empregar a força contra a junta militar que tomou o poder no Níger através de um golpe de Estado no mês passado, informou uma autoridade da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) nesta sexta-feira (11). As informações são da agência Anadolu.

O porta-voz da CEDEAO, Amos Lungu, afirmou que os chefes de defesa planejam uma reunião após a ativação de uma força de prontidão pelo bloco, que poderia ser utilizada para uma eventual intervenção militar visando restaurar o presidente deposto do Níger, Mohammed Bazoum.

A diretiva foi emitida após a segunda cúpula extraordinária do principal bloco econômico da região, realizada em Abuja, Nigéria, na quinta-feira (10).

General Abdourahamane Tchiani (Foto: Office of Radio and Television of Niger (ORTN)/Captura de tela)

Apesar da consideração de ação militar, a CEDEAO continua a explorar abordagens diplomáticas para convencer os líderes do golpe a restabelecerem o governo constitucional. O bloco também decidiu manter as sanções contra o Níger até a restauração de Bazoum. Vários países, incluindo EUA, França e nações africanas, demonstraram apoio aos esforços do bloco para resolver a crise.

A CEDEAO busca enfrentar essa situação delicada, enquanto a Nigéria, membro do bloco e vizinha do sul do Níger, impôs sanções, incluindo a interrupção do fornecimento de energia como forma de pressionar a junta, dado que 70% da energia do Níger provém da Nigéria.

Entenda

Em 26 de julho, o Níger foi palco de um golpe, no qual o general Abdourahamane Tchiani, alegando “deterioração da situação de segurança” no país devastado pela ação de grupos jihadistas, se autodeclarou líder dois dias depois após destituir o presidente democraticamente eleito, Mohamed Bazoum. 

A ascensão ao poder de Bazoum, eleito no final de fevereiro de 2021, marcou uma transferência pacífica de poder histórica no Níger desde sua independência da França em 1960. Ele agora encontra-se sob custódia de sua guarda presidencial no palácio da presidência. O político é reconhecido como um aliado fundamental nos esforços ocidentais para combater a insurgência islâmica na região do Sahel, e Niamei é um dos principais beneficiários da ajuda externa.

Apesar dos apelos de diversos países e blocos regionais, clamando pela reinstauração do presidente deposto, Tchiani rejeitou tais chamados, argumentando que configuram “interferência nos assuntos internos do país”.

Um dos países mais pobres do mundo, conforme classificação da ONU (Organização das Nações Unidas), luta contra o alastramento do Boko Haram, ligado à Al-Qaeda, e do ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental), ambos da Nigéria, que já expandiram sua atuação para o Níger.

Tags: