Medalhistas olímpicos falam em ir à frente de batalha pela Etiópia contra os rebeldes

Haile Gebrselassie e Feyisa Lilesa seguem discurso do premiê etíope e dizem que iriam à linha de frente em defesa da soberania nacional

Dois heróis olímpicos da Etiópia disseram nos últimos dias que estão prontos para se ir à frente de batalha se preciso, em defesa do país e contra os rebeldes de Tigré. Haile Gebrselassie, dono de dois ouros olímpicos, e Feyisa Lilesa, prata na maratona dos Jogos Rio 2016, manifestaram apoio ao premiê Abiy Ahmed no conflito que domina o país e cada vez mais se aproxima da capital Adis Abeba. As informações são da rede britânica BBC.

“Estou pronto para fazer tudo o que for exigido de mim, incluindo ir para a linha de frente”, disse Gebrselassie, atualmente com 48 anos e aposentado do atletismo desde 2015. “O que você faria se a existência de um país estivesse em jogo? Você simplesmente largaria tudo. Infelizmente, nada iria prendê-lo. Sinto muito!”.

Lilesa, por sua vez, falou sobre a “bravura de meus antepassados” e disse que também iria para a linha de frente se isso fosse necessário para “salvar meu país”.

As declarações, divulgadas pela televisão estatal etíope, surgem pouco após o primeiro-ministro, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2019, dizer que estaria na linha de frente da batalha. As manifestações foram recebidas no país como uma forma de propaganda, a fim de encorajar os cidadãos a se engajarem na lita contra os rebeldes de Tigré, que avançam sem encontrar a esperada resistência das forças de segurança nacionais.

Haile Gebrselassie, vencedor de dois ouros olímpicos pela Etiópia (Foto: Flickr)

Por que isso importa?

A região de Tigré, no extremo norte da Etiópia, está imersa em conflitos desde novembro, quando disputas eleitorais levaram Addis Abeba a determinar a tomada das instituições locais. A disputa opõe a TPLF (Frente de Libertação do Povo Tigré), partido político com um braço armado, às forças de segurança nacionais da Etiópia.

Os militares chegaram a reconquistar Tigré, mas os rebeldes viraram o jogo e começaram a ganhar território. No final de junho, eles anunciaram um processo de “limpeza” para retomar integralmente o controle da região e assumiram o comando de Mekelle, a capital regional.

Pouco após a derrota do exército, o governo da Etiópia decretou um cessar-fogo e deixou Tigré. Os soldados do exército aliada Eritreia também deixaram de ser vistos por lá. Posteriormente, com o avanço dos rebeldes e a conquista das regiões vizinhas de Afar e Amhara, o exército foi enviado novamente para apoiar as tropas locais.

Durante o conflito, a TPLF se aliou ao OLA (Exército de Libertação Oromo, da sigla em inglês), que no ano passado se desvinculou do partido político homônimo e passou a defender de maneira independente a etnia Oromo, a maior da Etiópia.

A coalizão passou superar o exército nos confrontos armados e atualmente ruma para a capital. A chegada a Adis Abeba pode representar a vitória derradeira dos rebeldes, o que levou o governo a convocar a população para pegar em armas em defesa da soberania nacional.

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