Mães que moram em campos de refugiados em Camarões estão recorrendo ao método canguru para salvarem seus filhos prematuros. O recurso foi levado a regiões pobres do país africano em 2018 por um projeto do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).
A base do modelo é o contato pele a pele. Envolvido junto ao peito da mãe, o bebê mantém uma temperatura corporal estável devido ao calor natural gerado pelo corpo da mãe.
O método de cuidado neonatal é inspirado na forma como os cangurus carregam seus filhotes na natureza e tem salvado a vida de vários bebês nascidos antes do tempo necessário de gestação.
A solução tem ganhado espaço em locais como campos de refugiados, onde os hospitais tem infraestrutura precária e sofrem de falta constante de energia, colocando a vida dos bebês prematuros em risco.
Cerca de 700 kits para o método canguru foram entregues em seis campos de refugiados em Camarões. No entanto, a ONU aponta que é necessário mais. Apenas seis dos 42 centros de saúde apoiados pelas Nações Unidas receberam o kit.
Antes do método canguru chegar ao país africano, as mães costumavam encher garrafas de plástico com água quente e posicioná-las próximas aos prematuros para mantê-los aquecidos. No entanto, os bebês costumavam sofrer queimaduras ou quedas bruscas de temperatura após a água esfriar.
“Regularmente perdíamos bebês para a hipotermia. Ficávamos desesperadas quando fazíamos o parto de bebês prematuros de 800 ou 900 gramas”, afirma a parteira Monique Meka, que mora no distrito de Garoua Boulai, no extremo leste do país e na fronteira com a República Centro-Africana, a 25 km do campo de refugiados de Gado.
Meka afirma que muitos bebês morriam a caminho do hospital de Bertoua, cerca de quatro horas de distância do local. A instituição é a única na região com capacidade para lidar com os casos dos prematuros.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 20 milhões de bebês nascem prematuros anualmente. Desse total, 96% estão em países em desenvolvimento.