Militares do Chade afirmam ter ‘derrotado rebeldes’ após morte de Déby

Tropas saíram às ruas da capital N'Djamena para celebrar a vitória sobre rebeldes em meio a instabilidade política

No poder do Chade desde a morte do presidente Idriss Déby, em abril, o Exército diz ter derrotado os rebeldes no norte do país após semanas de combate. Fardadas, as tropas celebraram a “vitória” em um desfile de tanques e veículos blindados na capital N’Djamena neste domingo (9), reportou a BBC.

Em uma base militar, jornalistas relataram ter visto dezenas de pessoas presas como “rebeldes capturados”. O grupo Fact (Frente para a Mudança e Concórdia no Chade) diz “não ter consciência” do fim dos combates.

A medida pode ser uma tentativa de buscar apoio popular depois da morte de Déby, que aumentou a instabilidade no país africano. O presidente foi morto durante ofensiva contra os rebeldes que cruzaram a fronteira com a Líbia no dia 11 de abril, data das eleições que conduziram o ditador ao sexto mandato.

Militares do Chade afirmam ter derrotado rebeldes após morte de Déby
Militares do Chade em celebração à “vitória” contra os rebeldes do Fact, em 9 de maio de 2021 (Foto: Reprodução/Anadolu Agency)

Comunicados oficiais dizem que o presidente morreu como um “mártir” na linha de frente dos confrontos contra os rebeldes, versão questionada pela comunidade internacional. Quem assumiu seu lugar foi o próprio filho, Mahamat Déby. O Parlamento foi dissolvido.

Formado por militares anti-Déby, o Fact liderou mercenários sob o general Khalifa Haftar na Líbia desde 2016. Seus líderes prometeram executar o presidente caso fosse reeleito. Agora, não está claro se o grupo ainda é uma ameaça à junta militar, disse um porta-voz da facção à Reuters.

Repressão violenta

Nas últimas semanas, protestos mobilizados pela oposição de Déby foram interrompidos de forma violenta pelas forças de segurança. Pelo menos dez civis ficaram feridos e um foi morto em uma manifestação no sábado (8).

A oposição e os rebeldes defendem que a morte do presidente abriu espaço para um golpe e há pressão para que os militares deixem o poder para um governo liderado por civis. Enquanto isso, no lugar do pai, Mahamat prometeu realizar eleições em um ano e meio e angariou o apoio da França, ex-metrópole colonial.

O Chade possui um dos exércitos mais bem treinados e equipados da África e é um forte apoiador dos países ocidentais na luta contra extremistas islâmicos no Sahel.

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