Mulheres e meninas são maioria entre migrantes no leste e no Chifre da África

Conflito e insegurança continuam sendo os maiores fatores de deslocamento na região, de acordo com a OIM

Mulheres e meninas são 50,4% dos migrantes do leste e do Chifre da África, um fenômeno e uma tendência únicos para a região, de acordo com um novo relatório da OIM (Organização Internacional para as Migrações).

Embora a migração em outras partes do continente seja predominantemente masculina, o documento revela que homens e meninos representam apenas 49,6% no citado grupo de países. 

O relatório ainda mostra que cerca de 60% da população migrante nesta região é de refugiados e requerentes de asilo. Também neste grupo, as mulheres são maioria, pois estão mais propensas a serem deslocadas à força, enquanto os homens que migram irregularmente estão em busca de oportunidades de emprego. 

No geral, um em cada quatro migrantes no continente africano reside no leste e Chifre da África.
Conflito e insegurança continuam sendo os maiores fatores de deslocamento na região. Segundo o relatório, cerca de 13,2 milhões de pessoas foram deslocadas à força na região em 2021, incluindo 9,6 milhões de deslocados internos e 3,6 milhões de refugiados e requerentes de asilo.

Três mulheres em campo de refugiados de Uganda, março de 2019 (Foto: Ninno JackJr/Unsplash)

Diferentemente de qualquer outra região do mundo, vários países do leste e do Chifre da África, além de serem os principais destinos de refugiados e requerentes de asilo que fogem de conflitos e buscam segurança e trabalho, também são os principais países de origem de refugiados e requerentes de asilo, segundo o relatório. 

O Sudão do Sul é um exemplo. Em 2021, o país abrigava 325 mil refugiados e requerentes de asilo, enquanto quase 2,3 milhões de refugiados e requerentes de asilo provenientes do país estavam hospedados no exterior. Este fato único destaca como os fluxos de refugiados são contidos principalmente na região.

A seca, principalmente na Somália, Etiópia e Quênia, também tem sido um fator-chave que impulsiona a migração e o deslocamento na região. Esses países estão enfrentando a pior seca observada em quatro décadas, e essas condições excepcionais se assemelham às tendências observadas durante a fome de 2010 a 2011 e a emergência de seca de 2016 a 2017 no Chifre da África.

O relatório também revela que o tráfico de pessoas é motivo de preocupação, com a OIM identificando 3 mil casos na região na última década. A maioria das pessoas traficadas foi identificada como sendo de Quênia, Uganda e Etiópia, com mulheres e meninas sendo as mais afetadas. Elas totalizam 78% das vítimas. 

O diretor regional da OIM para o Leste e Chifre da África, Mohammed Abdiker, diz esperar que o efeito combinado de uma melhor compreensão da magnitude dos desafios enfrentados e da colaboração na coleta de dados precisos levará a “políticas de migração mais avançadas e baseadas em evidências, melhor proteção dos direitos dos migrantes e melhor assistência aos necessitados”.

Este estudo faz parte de uma série de relatórios da região.  As pesquisas visam a apurar as tendências de migração e fornecer análises baseadas em evidências que melhorem a compreensão da mobilidade nestes países e promovam o uso de dados para orientar a discussão de políticas.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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