O aumento das doenças mentais em meio à pandemia levou a Nigéria a inaugurar uma linha de apoio gratuita para atender a população. Psicólogos e conselheiros treinados já atendem pedidos de ajuda em todo o país, registrou a emissora VOA (Voice of Africa).

Estimativas oficiais apontam que o número de pessoas afetadas por doenças mentais triplicou desde o início da pandemia. Ainda assim, menos de 10% conseguem ou buscam ajuda devido aos estigmas ainda associados a esses problemas.

O canal direto deve facilitar esse processo, disse a psicóloga Aisha Abdullahi, chefe da equipe de conselheiros da linha de apoio. Abdullahi começou a prestar aconselhamento online gratuito em abril de 2020, quando a Nigéria registrou os primeiros casos de Covid-19.

Crises de ansiedade e ataques de pânico tornaram-se comuns desde o início da pandemia na Nigéria, relatou Abdullahi. Segundo ela, cerca de 5 mil pessoas entraram em contato com a equipe de conselheiros durante 2020 para pedir ajuda.

Incerteza

O principal motivo para a queda na saúde mental da população é a incerteza gerada pelo vírus. Apesar de ser a maior economia da África, a Nigéria tem metade da população de 201 milhões de habitantes desempregada ou refém da informalidade.

No país, estima-se que 87 milhões de pessoas vivam com menos de US$ 1,90 por dia, equivalente a R$ 10,66. Os altos índices de natalidade também repercutem na instabilidade econômica e social. Cada mulher nigeriana tem, em média, 5,2 filhos. A Nigéria irá figurar entre as nações mais populosas do mundo até 2050.

“O vírus causou muitos danos às sociedades do mundo todo”, disse o ministro das Tarefas Especiais, George Akume, no lançamento do programa, em 18 de maio. “O aconselhamento se tornou uma ferramenta essencial para controlar o comportamento das pessoas afetadas”.