RD Congo enfrenta pior inundação em décadas e surto crescente de cólera

Tempestades elevaram o rio Congo a patamares não registrados em mais de seis décadas, afetando 18 das 26 províncias do país

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) mobiliza esforços para enfrentar as inundações que atingiram a República Democrática do Congo. As intensas tempestades elevaram o rio Congo a patamares não registrados em mais de seis décadas, afetando 18 das 26 províncias do país.

Chuvas excepcionalmente fortes nos últimos dois meses deixaram mais de dois milhões de pessoas, quase 60% delas crianças, precisando de assistência. As águas das enchentes prejudicaram quase cem mil famílias e deixaram 1.325 escolas e 267 unidades de saúde destruídas ou danificadas. 

Lavouras ficaram encharcadas, estragando as colheitas e aumentando a perspectiva de escassez de alimentos em alguns lugares. Para apoiar o plano de resposta a inundações do governo, o Unicef precisa de um total de US$ 9 milhões para as ações iniciais.

Com 40% dos casos de cólera encontrados em áreas inundadas ou em risco de inundação, o Unicef também intensificou os esforços para conter um surto que ameaça sair do controle. 

Inundações na RD Congo em 2020: tragédias ambientais se repetem (Foto: Moses Yope Madjaga/UNHCR)

Alguns meteorologistas estão alertando para mais chuva, aumentando a possibilidade de que a cólera viaje de áreas onde é endêmica através do rio Congo para o centro urbano de Kisangani e depois para Kinshasa, a capital. 

Em situação semelhante em 2017, a cólera se expandiu para todo o país, levando a quase 55 mil casos e mais de 1,1 mil mortes.

Efeito nas crianças

O representante do Unicef na RD Congo, Grant Leaity disse que as crianças estão enfrentando “as piores inundações em décadas e o pior surto de cólera em anos.”

Segundo ele, a subida das águas danifica as casas e amplia a ameaça de doenças transmitidas pela água, aumentando o risco para a população infantil. 

O representante alertou que “sem ações imediatas para fornecer água potável, saneamento e cuidados de saúde para conter a propagação da cólera, inundações generalizadas podem levar o número de casos a níveis sem precedentes”.

Esforços de Prevenção 

Em 2023, mais de 52 mil casos de cólera e 462 mortes foram registrados na RD Congo, tornando-se um dos maiores surtos do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O país foi responsável por 80% de todos os casos de cólera na África Ocidental e Central.

O Unicef está fornecendo água potável, kits de tratamento de água e suprimentos de saúde para as áreas afetadas. A agência também está trabalhando com as autoridades locais para garantir a continuidade dos serviços de proteção à criança, como reunir crianças separadas com suas famílias e fornecer apoio à saúde mental.

Equipes de gestão de cólera apoiadas pelo Unicef também estão no terreno, fornecendo uma primeira resposta quando há suspeita de casos. Isso inclui a distribuição de kits de prevenção da doença, a descontaminação de casas e latrinas comunitárias e a instalação de estações de desinfecção das mãos. 

As equipes também estão intensificando as medidas de prevenção, incluindo esforços de conscientização e vigilância, e melhorando os centros de tratamento de cólera, inclusive em Kinshasa.

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