Rebeldes extremistas matam pelo menos 17 civis no leste da RD Congo

Rebeldes realizam ataques frequentes na região que resultam em um número alarmante de mortes de civis, incluindo crianças

Autoridades locais relataram que pelo menos 17 pessoas foram mortas por rebeldes extremistas na província de Kivu do Norte, no leste da República Democrática do Congo. As informações são da agência Associated Press.

Os combatentes do grupo jihadista ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês), suspeitos de terem conexões com o Estado Islâmico (EI), foram responsáveis pelos ataques a civis na área de Bambuba-kisiki, localizada no território de Beni, de acordo com o que disse na segunda-feira (31) Sabiti Njiamoja, um parlamentar local.

“Nós enterramos dez corpos no domingo (28). As vítimas são civis mortos pelas ADF entre quinta e sexta-feira em Kainana. Sete outros foram encontrados na segunda-feira”, detalhou Njiamoja.

O leste do Congo tem sido palco de um conflito em curso há décadas, envolvendo mais de 120 grupos armados. Eles disputam sobretudo por terras e o controle de minas ricas em minerais. Além disso, alguns estão buscando proteger suas comunidades. A situação complexa e a presença de múltiplos atores armados têm contribuído para a persistência da instabilidade na região.

Soldados da República Democrática do Congo em combate a terroristas na província de Ituri, ao leste do país, em fevereiro de 2015 (Foto: Divulgação/Monusco)

Desde abril do ano passado, os extremistas das ADF têm coordenado ataques que resultaram na morte de pelo menos 370 civis e no sequestro de centenas de pessoas, incluindo um número alarmante de crianças, de acordo com informações da ONU (Organização das Nações Unidas). Além disso, o grupo expandiu sua área de atuação para as cidades de Goma e para a província vizinha de Ituri.

Em março, as ADF assumiram a responsabilidade por um ataque na aldeia de Mukondi, na província de Kivu do Norte, no qual mais de 35 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas.

Por que isso importa?

As ADF são uma organização paramilitar ugandense acusada de estar por trás de milhares de mortes nos últimos anos. O grupo nasceu em 1995, como oposição ao presidente Yoweri Museveni, e tem atuando majoritariamente em áreas remotas. Com o tempo, a facção ultrapassou as fronteiras de Uganda e passou a agir também na RD Congo.

No começo de maio de 2021, o governo congolês decretou lei marcial em Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, de modo a estancar a violência atribuída ao grupo rebelde. Porém, o número de civis mortos só cresceu.

Cerca de três meses depois, em agosto, o atual presidente congolês Felix Tshisekedi declarou que forças especiais dos Estados Unidos seriam enviadas à região a fim de estudar a viabilidade de instalação de uma unidade antiterrorismo para o enfrentamento da violência islâmica.

As ADF foram colocadas na lista de sanções financeiras por Washington, classificadas como organização terrorista. Seus líderes já declararam publicamente que a facção é um braço do Estado Islâmico (EI), que por sua vez assumiu a responsabilidade por alguns de seus ataques.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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