‘Está na hora de acabar com a violência’ na RD Congo, diz Guterres

Na semana passada foram descobertos 60 corpos em várias aldeias congolesas na província oriental de Kivu do Norte.

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, enfatizou a urgência de se pôr fim aos confrontos na República Democrática do Congo. Ele falou durante a 11ª Cúpula de Chefes de Estado do Mecanismo de Supervisão Regional sobre o Acordo-Quadro de Paz, Segurança e Cooperação de Adis Abeba.

Em Bujumbura, a maior cidade do Burundi, Guterres disse que “está na hora de a violência acabar”. Ele falou na reunião de sábado (6) e reiterou o apelo a todos os grupos armados que deponham as armas de imediato e integrem o processo de desmobilização, desarmamento e reintegração.

O chefe da ONU destacou ainda que a República Democrática do Congo é enormemente rica em recursos naturais, sendo necessário assegurar que esta herança se torne fonte de prosperidade e desenvolvimento para os congoleses, e não causa de conflito, rivalidades e exploração insustentáveis.

Para António Guterres, a paz e a segurança caminham juntos. Para que a paz seja sustentável, devem ser ouvidas em pleno as vozes de mulheres, jovens e deslocados nos processos político, de segurança e judiciais.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, agosto de 2012 (Foto: United States Mission/Eric Bridiers)
Violência sexual

Na semana passada, as autoridades congolesas informaram ter descoberto 60 corpos em várias aldeias congolesas na província oriental de Kivu do Norte.

António Guterres pediu o fim imediato do conflito antes que  se transforme em uma guerra civil que pode destruir o país e perturbar a região nos próximos anos.

O líder das Nações Unidas incentivou todas as partes envolvidas a acalmar os conflitos, sentar-se à mesa de negociações e concordar com um cessar-fogo estável e duradouro.

Para o chefe da ONU, os confrontos sustentam recentes suspeitas e tensões entre os países da região. Desde o ressurgimento dos rebeldes do grupo congolês M23, em novembro de 2021, mais de meio milhão de pessoas tiveram que abandonar os lares.

Para o secretário-geral, a ação do grupo e a presença de outras formações, como ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês), FDLR, Codec e, RED-Tabara, aumenta o drama humanitário e os já graves abusos dos direitos humanos, incluindo violência sexual.

Apoio e compromisso da ONU

No evento na capital do Burundi, Guterres elogiou o país anfitrião por seus esforços de governança e sua contribuição para a restauração da paz no leste congolês e em outras missões de manutenção da paz.

Na quinta-feira, após um encontro com o presidente do Burundi, Evariste Ndayishimiye, António Guterres saudou o “progresso notável” em relação à reconciliação, governança democrática e desenvolvimento econômico.

Ele ressaltou ainda o “forte apoio e compromisso” da ONU em fazer todo o possível para mobilizar um apoio muito mais forte e necessário da comunidade internacional ao Burundi.

Para Guterres, a presença de tropas do Burundi na RD Congo no contexto do destacamento da força da África Oriental para o leste tem demonstrado uma “enorme eficiência e uma contribuição muito positiva” para a reconciliação e paz.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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