Seca na Somália matou 43 mil pessoas em 2022, diz relatório divulgado por ONU e OMS

Crianças provavelmente representam metade das vítimas, segundo o documento, o primeiro a calcular o número de mortos pela seca

Um relatório divulgado nesta segunda-feira (20) por OMS (Organização Mundial da Saúde) e Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) diz que cerca de 43 mil pessoas morreram em meio a uma seca arrasadora na Somália no ano passado, sendo a metade das vítimas provavelmente crianças abaixo dos cinco anos de idade. O estudo foi realizado pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. As informações são da agência Associated Press.

Esta é a primeira estatística oficial sobre o número de mortos associado à estiagem que castiga grande parte do Chifre da África. Há uma previsão de que entre 18 mil e 34 mil morram no primeiro semestre deste ano em consequência da intempérie climática.

Em 2022, o país africano atravessou um período histórico de seca que se estendeu por dois anos, algo que não se via há quatro décadas. As comunidades vulneráveis são as mais atingidas pelos efeitos da crise climática, deixando muitas famílias desprotegidas e aumentando o deslocamento.

Mulher atravessa cena árida da Somália, em 2018 (Foto: PNUD Somália)

“A crise atual está longe de terminar”, alertou o relatório., citando ainda que milhões de cabeças de gado morreram em meio a isso. 

Além da Somália, enfrentam o mesmo problema os vizinhos Etiópia e Quênia, que encaram a sexta temporada consecutiva de chuvas escassas. Para piorar, a guerra na Ucrânia levou a uma disparada no preço dos alimentos, ampliando a insegurança alimentar nesses países.

A ONU definiu a fome na Somália como “extremamente crítica”, com mais de seis milhões de pessoas sem comida no prato. O cenário resultou em uma taxa de mortalidade significativa por falta de alimentação extrema ou desnutrição associada a doenças como a cólera

Mais de um quinto dos lares sofre de insegurança alimentar extrema, e dois somalianos a cada dez mil morrem em consequência da fome diariamente. Entre as crianças, o quadro é igualmente dramático: mais de 30% delas sofrem de desnutrição aguda. A previsão é de que pelo menos meio milhão de crianças sofrerão de desnutrição em 2023.

Algumas autoridades humanitárias e climáticas alertaram neste ano que as tendências são piores do que na fome de 2011 na Somália, quando 250 mil pessoas perderam a vida.

Enquanto isso, grupos extremistas que atuam na Somália, o Al-Shabaab, ligado à Al-Qaeda, e o Estado Islâmico (EI), levam insegurança ao país africano. A agência de migração da ONU diz que 3,8 milhões de pessoas estão deslocadas, número recorde. E a comunidade internacional tem parcela de culpa nesse cenário, disse um representante da ONU.

“Muitos dos doadores tradicionais lavaram as mãos e se concentraram na Ucrânia ”, disse o coordenador residente da ONU à embaixadora visitante dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, durante uma reunião na capital Mogadíscio em janeiro.

Ajude a combater a fome entre as crianças

O Unicef, órgão da ONU que fornece apoio humanitário a milhões de crianças em todo o mundo, tem um programa de doações aberto a todos que quiserem ajudar. Através ele, é possível oferecer uma quantia mensal que parte de R$ 30, dinheiro esse convertido em alimento para menores de países de todo o mundo. Se quiser ajudar, clique aqui.

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