Os tradicionais sistemas agrícolas Ramli nas lagoas de Ghar El Melh e os jardins suspensos de Djebba El Olia, na Tunísia, foram reconhecidos como Sistemas de Patrimônio Agrícola de Importância Global, os GIAHS, pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).
As práticas consistem no cultivo de culturas em terreno arenoso – “ramli”, em português, significa “na areia”. Esses jardins foram criados no século 17 pela diáspora da Andaluzia para lidar com a falta de terras férteis e água doce.
As práticas são baseadas em um sistema de irrigação passivo, onde as raízes das plantas são alimentadas pela água da chuva que boia na superfície do mar por meio do movimento das marés.
A tradição permite que os agricultores mantenham as lagoas com o abastecimento preciso de areia e matérias orgânicas. Assim, a plantação atinge o tamanho certo e as raízes são irrigadas pela água doce sem ser afetada pela salgada.
A cobertura das árvores frutíferas e arbustos ao longo do lago protege os cultivos do vento e do mar, retardam a evaporação e a fixam a areia.
O sistema permite que a plantação seja irrigada ao longo do ano todo, inclusive durante a seca. As principais plantações são de batata, feijão e cebola.
Jardins suspensos
A uma altitude de 600 metros, os agricultores moldaram a paisagem montanhosa a seu favor, integrando a agricultura em terraços de formações geológicas naturais ou construindo-os com pedra.
Os jardins suspensos de Djebba El Olia se beneficiam de um microclima particular, criado pela preservação das florestas em alta altitude e pelas inúmeras espécies de árvores.
A figueira é o pilar do sistema, porém também há um grande número de legumes, leguminosas e espécies frutíferas nos jardins. A pecuária também é forte na região.
Segundo a FAO, os dois locais promovem a preservação do conhecimento tradicional e a conservação da biodiversidade. Pela segunda vez, a Tunísia recebe o reconhecimento da FAO. A primeira foi em 2011, com o Gafsa Oases.