A Somália, no chifre da África, tenta realizar as primeiras eleições diretas em 51 anos mesmo em meio à pandemia, afirmou o alto funcionário da ONU no país, James Swan, nesta quinta (21).
Um comitê parlamentar irá fazer recomendações para resolver questões eleitorais pendentes. Para Swan, as próximas semanas serão decisivas para determinar como a Somália irá conduzir o pleito. A data ainda não está fechada.
Já o chefe da comissão eleitoral nacional independente fará um relatório sobre os planos para conduzir as eleições dentro do prazo constitucional. O enviado da ONU pede apoio técnico e recursos financeiros para a eleição.
Coronavírus
Segundo dados da OMS para esta sexta (22), a Somália registrou 1,5 mil casos de Covid-19 e 61 mortes. Os impactos da pandemia podem levar a uma retração de 11% na economia somali, segundo previsões do governo.
Mesmo assim, segundo Swan, as autoridades responderam rapidamente à crise, “dentro de suas possibilidades”. O primeiro-ministro Hassan Khaire liderou uma força-tarefa nacional contra o Covid-19, com a participação dos seis estados.
A situação do país diante à crise é complicada já que, antes da crise de saúde mundial, mais de 5 milhões de somalis precisavam de assistência médica. A Somália tem que enfrentar ainda uma grande invasão de gafanhotos, o que coloca em risco a produção de alimentos no país e de todo o leste da África.
O enviado da ONU estima ainda que cerca de 2,6 milhões de pessoas deslocadas internamente estão mais vulneráveis devido aos riscos de contaminação pelo coronavírus.
Violência
Outro desafio enfrentado pelos somalis é a insurgência terrorista do al-Shabaab, que não adotou um cessar-fogo e continua a realizar ataques durante a pandemia.
A Somália fez progressos recentes na recuperação de áreas ocupadas pelo grupo terrorista, incluíndo a cidade estratégica de Janaale, liberada pelo Exército Nacional Somali e pela Missão da União Africana na Somália em 16 de março.
Mesmo assim, o enviado da ONU alerta que, por causa do Covid-19, o ritmo de futuras operações militares pode ser afetado. O motivo é a desaceleração do treinamento de parceiros necessários para a luta contra os extremistas.
No Brasil
Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.