Congresso anual do Parlamento chinês começa marcado por pandemia

Neste ano, evento enfatiza "vitória" contra coronavírus; contágios e retração econômica minaram celebração

Depois de quase três meses de atraso, começou nesta sexta (22) o Congresso Nacional do Povo, evento mais importante do calendário político da China. A temática nesta edição é a de que o país conseguiu derrotar a pandemia do novo coronavírus.

Na agenda desta sexta há um discurso do primeiro-ministro Li Keqiang sobre a economia chinesa e as metas do país para 2020.

Com a expectativa de baixo crescimento por conta da pandemia, segundo a revista “Time”, não está claro se dessa vez haverá uma meta definida de crescimento do PIB.

A abertura do evento começou já nesta quinta, com discurso do dirigente do Partido Comunista Chinês (PCC), Wang Yang, a cerca de duas mil pessoas.

Nele, procura-se “mostrar ao mundo como a China, como uma potência responsável, teve firme ação e contribuiu para a cooperação internacional na luta contra a epidemia de Covid-19”, afirmou Wang, segundo a revista “Time“.

Congresso anual do Parlamento chinês começa marcado por pandemia
Congresso Nacional do Povo acontece todos os anos em Beijing (Foto: Wikimedia Commons)

Neste ano, o encontro será mais curto por causa da pandemia. Terá duração de uma semana, em vez das duas habituais. Também foi encolhido o número de jornalistas, diplomatas e observadores convidados.

Política na pandemia

A popularidade dos dirigentes chineses, analisa a “Time”, anda em alta graças à imprensa oficialista. O presidente Xi Jinping é bem avaliado na condução da crise de saúde e na estratégia de maior confronto com países do Ocidente, como EUA e Austrália.

Mas a situação poderia ser mais confortável para Xi, segundo o diário britânico “Financial Times“. O evento de 2020 deveria ser “uma ocasião triunfante” que marcaria espaço para um inédito terceiro mandato daqui a três anos.

Em 2010, o Partido havia determinado a meta de dobrar o tamanho da economia chinesa nos dez anos seguintes. Esse ano também marcaria o que o FT definiu como “a eliminação formal da ‘pobreza absoluta’ em todo o país”. As metas não foram cumpridas.

Em vez disso, há a pandemia e “o mais assustador conjunto de desafios econômicos e financeiros desde que Deng Xiaoping começou a tirar o país para fora dos escombros da revolução cultural, em 1979”.

Neste trimestre, o país teve retração no PIB – de quase 7% – pela primeira vez desde 1976, ano da morte de Mao Tsé-tung.

Fora da China, a situação também deixa pouco espaço para celebração durante o Congresso: a comunidade internacional vem pressionando Beijing a prestar contas dos primeiros dias da pandemia.

O Ocidente pede explicações de Xi sobre o que aconteceu entre 8 de janeiro, início do surto, e 20 de janeiro. Nesse dia, o país reconheceu que o vírus era altamente contagioso e transmitido entre humanos.

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