Unicef relata aumento da violência contra crianças no Sahel Central, na África

Recrutamento e utilização de crianças em grupos armados, assassinatos e mutilações aumentaram mais de 130% no fim de 2023

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

A violência contra crianças na região central do Sahel, na África, aumentou dramaticamente no último trimestre de 2023, disparando 70% nos três meses anteriores, informou o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) na quarta-feira (29).

A agência revelou que em Burkina Faso, no Mali e no Níger, os casos de recrutamento e utilização de crianças em grupos armados, juntamente com assassinatos e mutilações, aumentaram mais de 130% entre os dois períodos.

Proteja os vulneráveis

Gilles Fagninou, diretor regional do Unicef para a Ásia Ocidental e Central, sublinhou a necessidade de conter o aumento preocupante.

“Os civis precisam de proteção contra todas as formas de violência. As comunidades envolvidas em combates precisam de proteção. Muitas crianças estão sendo afetadas por graves violações dos seus direitos, incluindo assassinatos, raptos e recrutamento por grupos armados”, afirmou.

Crianças em acampamento de refugiados em Burkina Faso, dezembro de 2019 (Foto: Unicef/Vincent Tremedeau)

Garantir a proteção das crianças é fundamental, e os incidentes violentos na região central do Sahel devem parar para que as crianças possam concretizar os seus direitos básicos à vida ao abrigo da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e da Carta Africana regional sobre os Direitos e Bem-Estar da Criança.

“O Unicef apela a todos os envolvidos na crise em curso no centro do Sahel para que ponham fim a todas as formas de violência, assassinato e abuso de crianças, em linha com as suas obrigações ao abrigo do direito internacional”, acrescentou Fagninou.

Situação volátil

A situação de segurança no Sahel Central continua volátil, com ataques frequentes a civis num contexto de tensões políticas e de necessidades humanitárias crescentes. Entre fevereiro e abril, foram relatados mais de 1.180 incidentes de segurança, que custaram a vida a quase 3,4 mil pessoas.

Emblemático da terrível situação, várias centenas de pessoas foram mortas em Burkina Faso, com relatos de que mais de 220 civis, incluindo 56 crianças, foram mortos em ataques supostamente realizados pelos militares em duas aldeias num único dia no final de fevereiro.

Da mesma forma, no Mali, cerca de 110 civis que viajavam em três ônibus entre as cidades de Bandiagara e Bankass foram raptados por grupos armados em meados de abril. Eles ainda não foram libertados.

Violações graves contra crianças

A Resolução 1612 do Conselho de Segurança da ONU, adotada em 2005, identificou seis graves violações contra crianças: recrutamento e utilização de crianças-soldados, assassinatos e mutilações, violência sexual, raptos, ataques contra escolas ou hospitais e a negação de acesso humanitário.

Ao destacar estas violações, a resolução procurou galvanizar os esforços globais para proteger as crianças em zonas de conflito e mitigar o impacto devastador da guerra nas vidas dos jovens.

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