Mais de nove mil pessoas foram mortas por armas de fogo no Sahel em 2022

Aumento descontrolado de armamentos de pequeno calibre alimenta conflitos, crime organizado e terrorismo, alerta a ONU

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) lançou um relatório sobre tráfico de armas de fogo na região do Sahel. A aumento descontrolado de armamentos de pequeno calibre alimenta conflitos, crime organizado e terrorismo, levando à morte de centenas de milhares de civis todos os anos.

De acordo com o documento, cerca de de 9,3 mil pessoas morreram em incidentes violentos nos países da região em 2022.

O relatório explora as raízes do mercado de armas de fogo, a origem e os fluxos. Assim como os principais envolvidos e o impacto dessa forma de tráfico.

O relatório destaca que a maioria das armas de fogo é adquirida dentro da África. Entretanto, há evidências de tráfico de armamentos de maior alcance para o Sahel, por via aérea da França e da Turquia passando pela Nigéria.

Desde 2019, a Líbia se tornou uma fonte de fornecimento de armas como fuzis AK que estão disponíveis no mercado ilegal nas regiões de Gao, Timbuktu e Ménaka, no norte do Mali.

Munições não deflagradas e da guerra civil da Líbia (Foto: UN Development Programme/Flickr)
Oportunidades para os traficantes de armas

No Sahel, confrontos entre grupos armados e forças pró-governamentais, entre outros fatores, contribuíram para o crescimento de tensões intercomunitárias, violência entre lavradores e pastores, extremismo religioso violento e competição por recursos escassos como água e terras.

Segundo o Unodc, todos os grupos envolvidos nesses conflitos lidam com armas de fogo e munições. Conforme eles se multiplicam, também aumentam as oportunidades de negócios para os traficantes de armas nos países da região.

Outra descoberta do relatório é que, enquanto grupos extremistas violentos ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico (EI) são mais propensos a usar armas fabricadas industrialmente, outras agremiações não estatais, como grupos de caçadores tradicionais e milícias, preferem armas artesanais porque são mais baratas.

Na rota das atividades criminosas

Os mercados que vendem armas de fogo no Sahel geralmente estão localizados em pequenas cidades e vilarejos ao longo de corredores estratégicos.

Muitas das áreas conhecidas como centros de tráfico de armas são simplesmente áreas com baixa presença do Estado ao longo das fronteiras ou rotas de transporte onde ocorrem múltiplas atividades criminosas.

A recomendação do Unodc aos países do Sahel é que eles intensifiquem ainda mais seus esforços para coletar dados sobre o tráfico de armas de fogo, melhorando assim a compreensão e interrompendo os fluxos de tráfico nacional e transnacional.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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