Militantes do grupo jihadista nigeriano Boko Haram gravaram um vídeo no qual confirmam a morte de Abubakar Shekau, seu notório ex-comandante. A filmagem, à qual a rede britânica BBC teve acesso, também sugere a ascensão de um novo líder: Bakura Modu, também conhecido como Sahaba.
No vídeo, que tem aproximadamente três minutos, um homem vestido de branco e com um turbante escuro conclama os militantes a manter a lealdade ao Boko Haram mesmo após a morte do antigo líder. O homem seria Sahaba, que analistas internacionais acreditam ter assumido o comando da milícia.
Suicídio
Shekau morreu no dia 19 de maio, em um confronto com jihadistas do ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental) na floresta de Sambisa, no nordeste da Nigéria. “Shekau detonou uma bomba e se matou”, disse um militar nigeriano, em áudio ouvido pelo “Wall Street Journal” no final de maio.
Formado por dissidentes do Boko Haram, o ISWAP se afastou de Shekau em 2016 e, desde então, se concentra em alvos militares e ataques de alto perfil – inclusive contra trabalhadores humanitários. Os grupos disputam o controle do estado de Borno.
Morte encomendada
A própria cúpula do EI (Estado Islâmico) na Síria teria determinado a morte de Shekau. O motivo: ele era “violento demais”, mesmo aos olhos dos extremistas islâmicos.
A confirmação veio através de uma outra gravação, essa enviada a diferentes agências de inteligência ocidentais no início de junho. Nela, o líder do ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental), Abu Musab al-Barnawi, afirma que a morte obedeceu às ordens do novo chefe do EI, Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurashi.
“Shekau praticou um terrorismo inimaginável. Quantos ele matou?”, disse Al-Barnawi na gravação acessada pelo site nigeriano Humangle. “Quando chegou a hora, Alá colocou soldados corajosos para receber ordens do líder dos crentes”, prossegue a gravação, citando a missão do ISWAP sob o comando de al-Qurashi.
O antigo comandante do Boko Haram ganhou notoriedade em 2014, quando orquestrou o rapto de 276 meninas de uma escola na cidade de Chibok, na Nigéria.
No Brasil
Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.