As declarações do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, durante sua visita ao Panamá reacenderam um antigo debate: afinal, a China tem controle sobre o Canal do Panamá? Para Washington, a influência chinesa na região representa um risco estratégico. Já Beijing nega qualquer interferência e defende a soberania panamenha sobre a via marítima. as informações são da rede Radio Free Asia (RFA).
A preocupação americana ganhou força após o ex-presidente Donald Trump afirmar que “a China está operando o Canal do Panamá” e prometer que os EUA retomariam seu controle. Em resposta, o presidente panamenho, José Raúl Mulino, rejeitou a ideia, garantindo que o canal “é e continuará sendo do Panamá”.
O canal, entregue ao Panamá pelos EUA em 1999 sob um tratado assinado em 1977, segue funcionando como uma via de comércio internacional aberta a todas as nações. Beijing reafirma essa neutralidade. “A China não participa da gestão e operação do canal e nunca interfere nos seus assuntos”, declarou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.

O centro da controvérsia está no fato de que, em 1996, o Panamá concedeu à empresa Hutchison-Whampoa a operação dos portos de Balboa e Cristobal, nas extremidades do canal. A companhia, agora parte do conglomerado CK Hutchison Holdings, pertence ao bilionário de Hong Kong Li Ka-shing, que mantém laços com Beijing.
Embora o Departamento de Estado dos EUA tenha avaliado anteriormente que essa concessão não representava um risco para o controle do canal, o tema voltou à tona em meio às tensões entre Washington e Beijing. Nos últimos anos, a China ampliou investimentos no Panamá, financiando projetos como um novo terminal de cruzeiros e uma ponte sobre o canal.
A aproximação entre Panamá e China se intensificou em 2017, quando o país rompeu laços diplomáticos com Taiwan e passou a integrar a Nova Rota da Seda (BRI, na sigla em inglês, de Belt And Road Initiative), programa de infraestrutura global promovido por Beijing. Esse movimento elevou a presença de empresas chinesas na região, o que alarmou setores políticos nos EUA.
Apesar das suspeitas, os tratados internacionais garantem a neutralidade do Canal do Panamá e sua administração pelo país centro-americano. Além disso, 36 nações, incluindo os EUA e a China, assinaram protocolos que asseguram o funcionamento da via sem interferência externa.