Brasil adota restrições para controlar fluxo migratório asiático rumo a EUA e Canadá

Nova política vem após aumento nos pedidos de refúgio, com mais de 70% dessas solicitações vindo de Índia, Nepal e Vietnã

O Brasil começará a restringir a entrada de certos estrangeiros da Ásia que utilizam o país como ponto de partida para imigração para os Estados Unidos e Canadá, conforme anunciado pela assessoria de imprensa do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) na quarta-feira (20). A alegação é de que o país está na rota do tráfico de pessoas e da imigração ilegal. As informações são da Associated Press (AP).

A pasta informou que as novas regras começarão a valer na próxima segunda-feira (26). Assim, a partir da próxima semana, viajantes asiáticos sem vistos válidos terão que continuar sua viagem de avião ou retornar aos seus países de origem.

No entanto, a regulamentação não afetará os viajantes de países asiáticos com acordos de isenção de visto, assim como os provenientes dos EUA e da Europa.

Ponte binacional que liga Assis Brasil e Iñapari, rota de migrantes asiáticos rumo ao norte (Foto: WikiCommons)

Uma investigação da Polícia Federal (PF) revelou aumento no fluxo de migrantes no Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos (GRU). Documentos obtidos pela AP mostram que alguns migrantes asiáticos compraram passagens com escala em São Paulo, mas não embarcaram nos voos de conexão, tentando entrar nos EUA e no Canadá passando pelo Brasil.

Mais de 70% desses migrantes vêm da Índia, Nepal e Vietnã. Muitos passam pelo estado do Acre, no oeste do Brasil, seguindo pelo Peru e pela América Central rumo aos EUA. Alguns migrantes vietnamitas e indianos chegam a enfrentar a perigosa rota pela Amazônia.

“As evidências sugerem que esses migrantes, em sua maioria, estão fazendo uso da rota conhecida — e extremamente perigosa — que vai de São Paulo ao estado do Acre, para que possam acessar o Peru e seguir em direção à América Central e, então, finalmente, chegar aos EUA a partir de sua fronteira sul”, diz um dos documentos.

Embora o Brasil tenha tradicionalmente acolhido refugiados, o aumento no número de migrantes que buscam o status de refugiado apenas para usar o país como ponto de passagem tem gerado pressão sobre o governo.

Segundo a PF, foram feitos 9.082 pedidos de refúgio até meados de julho deste ano, mais do que o dobro do total registrado no ano passado, o maior número em uma década.

Além disso, o Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil informou que as novas diretrizes não afetarão os cerca de 500 migrantes que estão atualmente hospedados no Aeroporto GRU.

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