Brasil negocia tecnologia militar e estreita laços com a Eslováquia, integrante da Otan

Parceria estratégica avança com discussões bilaterais sobre compra e venda de jatos da Embraer e obuseiros autopropulsados

Brasil e Eslováquia deram um passo significativo em sua cooperação militar com a assinatura de um memorando que pode resultar na compra de quatro aeronaves de transporte Embraer C-390 Millennium para as Forças Armadas eslovacas. O anúncio foi feito pelo vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa da nação europeia, Robert Kalinak. As informações são do site Defense News.

Durante as reuniões com o ministro da Defesa brasileiro José Múcio, Kalinak também destacou o interesse de seu país em oferecer ao governo brasileiro obuseiros autopropulsados, veículos terrestres equipados com armas de disparo que são considerados uma artilharia de grande mobilidade. Os modelos em questão são produzidos pela empresa eslovaca Konstrukta Defence.

“Acho que as bases industriais do Brasil e da Eslováquia podem oferecer uma enorme quantidade de experiência, no que somos fortes, no que somos bons”, afirmou o ministro eslovaco.

Embraer C-390 Millennium (Foto: Força Aérea Brasileira/Flickr)
Negociações ampliadas e troca de expertise

Além dos C-390, a delegação eslovaca ressaltou o interesse brasileiro no conhecimento técnico da Eslováquia sobre produção de munições. Kalinak reforçou que essa troca de expertise pode fortalecer ainda mais as relações bilaterais.

O interesse da Eslováquia pelas aeronaves segue uma tendência entre membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Em setembro de 2023, a Áustria anunciou a compra de quatro unidades do modelo, substituindo sua frota de aviões Hercules. No mês seguinte, a República Tcheca tornou-se o quinto membro da aliança militar a adquirir a aeronave brasileira. Atualmente, Hungria, Holanda, Portugal e Coreia do Sul também operam ou encomendaram o C-390.

Com preços iniciais na faixa de 80 milhões de euros, o custo final da aeronave pode variar dependendo da configuração escolhida e dos equipamentos adicionais. Alguns compradores já chegaram a pagar até 220 milhões de euros por unidade, segundo Kalinak.

Contexto regional e desafios

Do lado brasileiro, as negociações coincidem com a recente suspensão da compra de 36 obuseiros autopropulsados ATMOS 2000 fabricados pela israelense Elbit Systems. A decisão foi paralisada após críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às ações do governo israelense em Gaza.

Enquanto isso, o obuseiro eslovaco Zuzana 2, equipado com canhões de 155 milímetros e montado em um chassi Tatra de quatro eixos, se apresenta como uma alternativa viável para as Forças Armadas brasileiras. O equipamento é reconhecido por sua alta mobilidade e capacidade de disparo de longo alcance.

Essa parceria em potencial reflete a busca do Brasil por diversificação no fornecimento de equipamentos militares e por alianças estratégicas que fortaleçam sua autonomia no setor de defesa.

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