Incapacitada de pagar US$ 500 milhões em juros de três categorias de bônus devidas há um mês, cujo prazo final terminava nesta sexta, a Argentina entrou oficialmente em moratória técnica. É o nono calote da dívida soberana na história do país.
Os credores não devem impor sanções à Argentina e têm reconhecido que o país busca um acordo, segundo a Reuters. Um desses grupos, Ad Hoc, que inclui fundos como a BlackRock e a AllianceBernstein, detém US$ 16,7 bilhões em bônus argentinos.
Consequências do default
Buenos Aires agora corre para evitar novos defaults na negociação com os credores de seus US$ 65 bilhões em dívida. Sem pagamento, o país fica em moratória e pode se ver sem acesso aos mercados internacionais, seja para novos créditos ou para rolagem de dívida.
O país, que deve para bancos comerciais, fundos, entidades oficiais e para o FMI (Fundo Monetário Internacional), estendeu até 2 de junho as negociações por um acordo com entes privados.
O presidente Alberto Fernández tentou tirar o peso do calote desta sexta, afirmando que o país está “em default há meses. Não vamos submeter a Argentina a novos compromissos que não conseguimos cumprir”.
A atual oferta argentina é de um período de três anos de carência, ou seja, no qual não paga os valores e consegue se reestruturar para retomar os pagamentos.
Pede também um corte de 5,4% no principal e 62% nos juros e remuneração de 2,25% para novos bônus, com vencimento entre 2030 e 2047. Os bancos não aceitam: querem menor carência e maior remuneração. A proposta será reavaliada pelo governo argentino.
A parcela do Fundo Monetário nesta dívida é de US$ 44 bilhões. As negociações do débito com os credores privados, como os bancos comerciais, são separadas das do FMI.