Canadá envia armas à Ucrânia e faz empréstimo bilionário em meio à crise com a Rússia

Primeiro-ministro canadense Justin Trudeau afirmou que a intenção desse apoio a Kiev é "impedir novas agressões russas”

O governo do Canadá concedeu um empréstimo de 500 milhões de dólares canadenses (R$ 2,03 bilhões) à Ucrânia e também aceitou enviar ao país europeu armamento militar. O acordo, anunciado na segunda-feira (14) pelo primeiro ministro canadense Justin Trudeau, surge em meio à escalada de tensão entre Kiev e a Rússia. As informações são do site The Defense Post.

“Face à gravidade da situação e após conversas com nossos parceiros ucranianos, aprovei o fornecimento de 7,8 milhões de dólares canadenses em equipamentos e munições letais”, disse Trudeau em entrevista coletiva.

De acordo com o premiê, a decisão “responde a um pedido específico da Ucrânia e é um acréscimo ao equipamento não letal que já fornecemos”. Ele acrescentou que “a intenção desse apoio do Canadá e de outros parceiros é impedir novas agressões russas”.

Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, em junho de 2021 (Foto: WikiCommons)

Retirada de tropas

Nesta terça (15), a tensão deu uma leve desacelerada após a Rússia anunciar que algumas de suas tropas deixariam a região fronteiriça e retornariam a suas posições em território russo. Estima-se que mais de 120 mil soldados estejam posicionados para uma eventual invasão à Ucrânia. Moscou não informou quantos deles seriam retirados.

De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, esse procedimento já estava previsto: “Sempre dissemos que as tropas retornariam a suas bases após o término dos exercícios. Este é o caso desta vez também”.

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), entretanto, não se animou muito com o anúncio, segundo a rede Voice of America (VOA). “Isso dá motivos para um otimismo cauteloso”, disse o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg. “Mas, até agora, não vimos nenhum sinal de desescalada no terreno do lado russo.”

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e segue até hoje.

O conflito armado no leste da Ucrânia, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe o governo ucraniano às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e contam com o suporte de Moscou. Em 2021, a situação ficou especialmente delicada, com a ameaça de uma invasão integral da Rússia à Ucrânia.

Washington tem monitorado o crescimento do exército russo na região fronteiriça e compartilha com seus aliados informações de inteligência. Os dados apontam um aumento de tropas e artilharia russas que permitiriam um avanço rápido e em grande escala, bastando para isso a aprovação de Putin e a adoção das medidas logísticas necessárias.

A inteligência da Ucrânia calcula a presença de mais de 120 mil tropas nas regiões de fronteira, enquanto especialistas calculam que sejam necessárias 175 mil para uma invasão. Já a inteligência dos EUA afirma que um eventual ataque ao país vizinho por parte da Rússia ocorreria pela Crimeia e por Belarus.

Um conflito, porém, não seria tão fácil para Moscou. Isso porque, desde 2014, o Ocidente ajudou a Ucrânia a desenvolver e ampliar suas forças armadas, com fornecimento de armamento, tecnologia e treinamento. Assim, embora Putin negue qualquer intenção de lançar uma ofensiva, se isso ocorrer, as tropas russas enfrentariam um exército ucraniano muito mais capaz de resistir.

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