Comunidade internacional reage a ataques de Reino Unido e EUA contra os Houthis no Iêmen

Ação foi uma resposta às ações dos rebeldes no Mar Vermelho, que Washington classificou como ameaça ao comércio marítimo

Na quinta-feira (11), o Reino Unido e os EUA realizaram bombardeios aéreos no Iêmen contra os rebeldes Houthis, que têm atacado navios no Mar Vermelho. Os insurgentes, apoiadores do Hamas, definiram os ataques dos aliados ocidentais como “bárbaros” e prometeram continuar atacando embarcações que passarem por aquelas águas em direção a Israel, em uma área fundamental ao comércio internacional. O Estado judeu ainda não se pronunciou, segundo informações da Al Jazeera.

A ação gerou reações internacionais, com o Irã, acusado de financiar os rebeldes, condenando os ataques como apoio ao “regime sionista”. Já a Arábia Saudita pediu “contenção”, enquanto a Rússia criticou a “violação do direito internacional”. Grupos palestinos, como Hamas e a Jihad Islâmica Palestina (JIP), responsabilizaram os EUA e o Reino Unido pelos “impactos” na região. O Hezbollah afirmou que Washington é “parceira de Israel”.

Do lado ocidental, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) justificou os ataques como “defensivos”. Mesma retórica tiveram os países do continente europeu.

Eurofighter Typhoon, modelo de caça-bombardeiro da Força Aérea Real (RAF) usado no ataque (Foto: WikiCommons)

A França condenou fortemente os ataques houthis no Mar Vermelho, pedindo imediato cessar-fogo e responsabilizando os insurgentes pela escalada na região. A Alemanha afirmou que os ataques visavam “prevenir futuras agressões”, mantendo o objetivo de reduzir as tensões e restaurar a estabilidade no Mar Vermelho. A Bélgica também se manifestou, afirmando que está trabalhando com parceiros na União Europeia (UE) e nos EUA para restaurar a segurança área sob ataque, destacando os ataques dos rebeldes iemenitas como “perigosos para a estabilidade regional”.

A Holanda manifestou apoio à ação entre os aliados norte-americanos e britânicos, justificando autodefesa e proteção da passagem livre, destacando a importância desse direito para os navios. Já a Dinamarca ofereceu apoio total aos ataques dos EUA e Reino Unido, alegando que a medida é “uma resposta defensiva necessária”.

Manifestações de lideranças dos EUA e Reino Unido

O presidente dos EUA, Joe Biden ordenou os ataques “em resposta” aos ataques houthis no Mar Vermelho. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, considerou os ataques um “ato de autodefesa”, visando “diminuir as tensões” e restaurar a estabilidade na região.

Mitch McConnell, líder republicano no Senado dos EUA, elogiou as operações. Ele considera a ação “tardia” e espera uma mudança duradoura na abordagem dos EUA em relação ao Irã. Ro Khanna, representante democrata, exigiu que Biden consulte o Congresso antes de se envolver em outro conflito.

Jeremy Corbyn, parlamentar britânico, criticou a ação, a qual disse ser “imprudente” e com potencial de causar mais mortes. Diane Abbott, que atua no gabinete de sombra de Corbyn, expressou preocupação sobre o envolvimento do Reino Unido sem aprovação parlamentar.

Entenda

O grupo rebelde baseado no Iêmen, que conta com apoio do governo do Irã, tem atacado navios na região sob o argumento de que eles servem a Israel. Trata-se de uma resposta direta à operação militar do Estado judeu na Faixa de Gaza, que por sua vez é uma reação ao ataque do Hamas em território israelense ocorrido em 7 de outubro.

Atualmente, porém, as ações dos rebeldes são cada vez mais aleatórias, atingindo inclusive navios sem qualquer relação direta com Israel. Mesmo embarcações com bandeiras de países que não apoiam a luta contra o Hamas estão sob ameaça.

As agressões dos Houthis, que usam drones e mísseis em seus ataques, levaram algumas companhias a mudarem suas rotas de transporte, encarecendo o frete e gerando a expectativa de que a economia global seja afetada. Pela região passa cerca de 15% do comércio global.

Em resposta à hostilidade, EUA e Reino Unido lideraram a criação da Operação Guardião da Prosperidade, uma coalizão militar focada em enfrentar a ameaça. Entre os membros estão seis países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), CanadáDinamarcaFrançaGréciaHolanda e Noruega.

Na quarta-feira (10), jatos e navios militares conseguiram conter 18 drones e três mísseis disparados pelos rebeldes apoiados pelo Irã.

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