Navio-tanque norueguês é atingido no Mar Vermelho por míssil dos Houthis

O Strinda foi atingido por um míssil de cruzeiro disparado de uma área do Iêmen controlada pelos rebeldes xiitas

Nesta terça-feira (12), o grupo rebelde iemenita Houthi, associado ao Irã, confirmou ter disparado o míssil que atingiu o navio-tanque norueguês Strinda no Mar Vermelho, perto de uma rota crucial de navegação. O ataque não fez vítimas. As informações são da agência Associated Press (AP).

A ofensiva faz parte da campanha de ataques marítimos do grupo armado e movimento político do Iêmen no contexto do conflito entre Israel e Hamas. De acordo com o exército dos EUA, os alvos são navios próximos ao Estreito de Bab el-Mandeb, que separa a península Arábica da África, e agora mesmo embarcações sem ligações claras com Israel entraram na mira.

A atmosfera de tensão na região pode ameaçar o tráfego de carga e energia pelo Canal de Suez, ampliando o impacto internacional do conflito entre o Estado Judeu e o grupo extremista palestino na Faixa de Gaza.

O navio-tanque de bandeira norueguesa Strinda (Foto: MarineTraffic/ Sushin Surendran)

O porta-voz militar dos Houthis, general Yahya Saree, afirmou em um vídeo que os rebeldes atiraram no navio Strinda apenas após este “ignorar todos os alertas emitidos”. Em um comunicado no sábado (9), o grupo alertou que todos os “navios associados a Israel ou transportando mercadorias” destinadas a Israel não são bem-vindos no Mar Vermelho, uma zona estratégica localizada entre o nordeste da África e a península Arábica, segundo relatou a agência estatal portuguesa RTP.

Houve um incêndio a bordo, e o destróier norte-americano USS Mason foi em auxílio ao navio, conforme informado pelo Comando Central (CENTCOM, na sigla em inglês) das Forças Armadas dos EUA.

O CENTCOM emitiu uma declaração nesta terça detalhando que um míssil de cruzeiro antinavio, lançado de uma área do Iêmen controlada pelos rebeldes, atingiu a embarcação norueguesa.

“Não havia navios dos EUA nas proximidades durante o ataque, mas o USS Mason respondeu e está atualmente prestando assistência”, afirmou o Comando Central. O Mason ganhou destaque por seu envolvimento em incidentes no Golfo de Áden, especialmente em relação a ameaças e ataques de mísseis provenientes do Iêmen, principalmente atribuídos aos Houthis.

Separadamente, o Ministério dos Exércitos da França relatou que sua fragata Languedoc interceptou um drone que ameaçava o Strinda durante o ataque. Os militares franceses explicaram que o navio de guerra se posicionou para proteger o navio afetado, impedindo uma possível tentativa de sequestro.

A operadora do Strinda informou que o navio vinha da Malásia com destino ao Canal de Suez e seguiria posteriormente à Itália com uma carga de óleo de palma. No entanto, o porta-voz militar houthi alegou, sem apresentar evidências, que o destino real do navio era Israel.

Os Houthis realizaram uma série de ataques a navios no Mar Vermelho e ameaçaram atacar qualquer navio próximo a Israel. Recentemente, um porta-voz dos rebeldes enfatizou que o grupo continuará suas operações militares contra Israel até que a agressão contra a Faixa de Gaza seja interrompida.

Apesar da falta de evidências imediatas de conexão entre o Strinda e Israel, as ameaças persistem. Israel solicitou apoio aos aliados ocidentais para lidar com as ameaças do Iêmen e, se necessário, planeja agir para remover o bloqueio imposto pelos Houthis.

Por que isso importa?

Os Houthis, formalmente conhecidos como “Ansar Allah” (expressão em árabe que pode ser traduzida como “Apoiadores de Deus”), se consideram parte de um “eixo de resistência”, opondo-se a Israel, aos EUA e ao Ocidente. Sua atuação está inserida em conflitos armados no Iêmen, envolvendo confrontos tanto com o governo central quanto com outros grupos rebeldes. Uma das principais fontes de tensão é a percebida marginalização dos insurgentes no cenário político e econômico do país.

Em 2014, os Houthis capturaram a capital iemenita, Sanaa, o que desencadeou um conflito mais amplo, resultando na intervenção militar de países vizinhos. Além das tensões locais, os Houthis são frequentemente associados ao Irã, levantando preocupações sobre uma possível influência iraniana na região. Contudo, é importante destacar que os rebeldes também têm motivações locais e uma agenda própria no contexto iemenita.

Quanto aos recentes ataques marítimos, os Houthis têm ameaçado e atacado navios no Mar Vermelho, alegando visar alvos associados a Israel. Eles ameaçam dar continuidade às ações hostis caso os palestinos não recebam ajuda de emergência.

Na semana passada, os rebeldes xiitas lançaram mísseis balísticos que atingiram três navios no Mar Vermelho. Em resposta ao pedido de socorro, um navio de guerra dos EUA derrubou três drones, conforme informado pelos militares norte-americanos. O grupo iemenita reivindicou a responsabilidade por dois dos ataques, 

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