A crise do novo coronavírus levará 29 milhões de latino-americanos à pobreza e 16 milhões à extrema pobreza neste ano. A estimativa é da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), das Nações Unidas, e foi divulgada nesta terça (21).
Para Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, a crise deve manifestar-se sobretudo em desemprego, que puxará o aumento da pobreza e da desigualdade social. Estima-se que a região terá 37 milhões de pessoas sem emprego no fim do ano, ou 11,5% da população, após alta de 3,4 pontos percentuais.
A atividade econômica da América Latina sofrerá uma contração de 5,3% neste ano com a crise. A retração é mais grave na região desde 1914, quando a região perdeu 4,9% em produção, e 1930, quando o tombo foi de 5%.
Problemas anteriores
Os principais condutores da atual crise foram a deterioração das condições financeiras globais, com fuga de capitais e maior aversão a risco, redução do comércio internacional, com queda média de 15% no preço dos produtos exportados, além da paralisação do mercado de turismo e redução de remessas de emigrados.
Em circunstâncias normais, a América Latina já apresentava ao menos seis anos de baixo crescimento – de 2014 a 2019 –, nos quais cresceu uma média de 0,4% ao ano.
A maior queda para este ano se concentra na América do Sul, que perderá 5,2% da sua atividade econômica. No Caribe, a retração será de 2,5%, sobretudo pela diminuição no fluxo turístico.
Nos países centro-americanos, a queda será de 2,3%, puxada pela contração na demanda turística, além da diminuição nas vendas aos EUA e nas remessas de emigrados – o último representa 19% do PIB da Nicarágua e 11% do produto anual da Guatemala, segundo dados de 2018 do Banco Mundial.