De olho na China, EUA pretendem elevar orçamento de Defesa para US$ 1 trilhão

Governo pede ao Congresso US$ 842 bilhões para 2024, maior valor desde o auge das guerras do Iraque e do Afeganistão

O Pentágono planeja aumentar o orçamento anual de suas forças armadas e exceder o teto de US$ 1 trilhão dentro de alguns anos. Seria a maior destinação de recursos para a área militar da história dos Estados Unidos, com atenção especial a mísseis avançados, defesa espacial e jatos modernos, à medida que crescem as tensões com a China. As informações são da agência Associated Press.

O diretor financeiro do Departamento de Defesa, Michael McCord, disse que uma proposta de orçamento de defesa de US$ 842 bilhões para 2024 foi enviada ao Parlamento para aprovação do presidente dos EUA, Joe Biden.

Este é o maior pedido desde as guerras do Iraque e do Afeganistão em meados dos anos 2000. Durante esse tempo, os soldados norte-americanos estavam estacionados em grande número em ambos os países, período em que os gastos de Washington em conflitos no exterior aumentaram vertiginosamente.

Pentágono, em Washington D.C, sede do Departamento de Defesa (Foto: Pixabay/12091)

A razão para o novo recorde, segundo McCord, é atender à alta demanda por armas e peças sobressalentes. Além disso, a guerra na Ucrânia expôs muitas deficiências na base industrial de defesa dos EUA. Se as forças norte-americanas hipoteticamente se envolverem, em um futuro próximo, em um confronto militar com Beijing, que dispõe de um arsenal nuclear em rápido crescimento e capacidades hipersônicas no espaço, Washington poderia sofrer grandes perdas.

“Mesmo que cresça apenas para compensar a inflação, o orçamento atingirá um trilhão de dólares, provavelmente antes dos próximos cinco anos”, disse McCord em coletiva de imprensa. “Talvez esse seja um grande divisor de águas psicológico para muitos de nós, ou para alguns de nós, mas é inevitável”.

O diretor financeiro ainda observou que, apesar de a cifra parecer astronômica, representa apenas 3% do PIB do país. “Se compararmos com a Segunda Guerra Mundial, é muito menos, já que na época gastamos um terço do nosso PIB em Defesa”, recorda.

O orçamento de defesa estabeleceu como prioridade a aceleração na produção de munição. De acordo com McCord, a velocidade com que a Ucrânia está usando 155 cartuchos de obuses (uma espécie de canhão dos tempos modernos) mostra claramente que a indústria de defesa dos EUA não está onde deveria estar. “Esta é uma lição para a América”, observou.

O pedido de orçamento faz parte de uma proposta geral de gastos de US$ 6,8 trilhões lançada pelo democrata Biden na semana passada, a qual os republicanos já adiantaram que rejeitarão. Mas não está claro como eles vão agir sobre a proposta do Pentágono.

Já a vice-secretária de Defesa, Kathleen Hicks, fez uma síntese das ambições de Washington. “O objetivo do orçamento é garantir que a China acorde todos os dias, considere os riscos de agressão e conclua: ‘hoje não é o dia'”, disse ela.

China já renovou orçamento

O governo da China anunciou no último dia 5, durante a abertura do Congresso Nacional do Povo, que vai ampliar em 7,2% o orçamento de defesa neste ano. Li Keqiang, primeiro-ministro que está deixando o cargo após uma década, afirmou que a meta de Beijing com o fortalecimento de suas forças armadas é “aumentar a preparação para o combate”.

Em 2023, o gasto militar projetado pelo governo chinês será de 1,55 trilhão de yuans (R$ 1,16 trilhão), marcando o oitavo ano seguido de aumento. Embora seja o segundo maior orçamento de defesa do mundo, ele ainda mantêm Beijing bem atrás dos EUA, que investiram US$ 801 bilhões (R$ 4,16 trilhões) em 2021, de acordo com o Stockholm International Peace Research Institute (Sipri).

Apesar da desvantagem, o crescimento do poder militar chinês sob o governo do presidente Xi Jinping é notável. Com o dinheiro investido nas forças armadas nos últimos anos, o país asiático tem hoje a maior marinha do mundo, à frente da norte-americana, o maior exército permanente do mundo e um arsenal balístico e nuclear capaz de rivalizar com qualquer outro. 

O investimento chinês em suas forças armadas está diretamente relacionado à questão de Taiwan, o que gera tensão também com os EUA.

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