EUA, China, Rússia e outros países condenam atos terroristas ocorridos em Brasília 

Biden fala em "ataque à democracia". Parceiras do Brasil no Brics, Moscou e Beijing dizem acreditar no governo para solucionar o problema

Após os atos terroristas vistos em Brasília no domingo (8), cometidos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, líderes globais e autoridades de alto escalão condenaram os eventos que resultaram em destruição e saques nas instalações do Supremo Tribunal Federal (STF), do Congresso e do Palácio do Planalto. Notas de repúdio quanto aos atos que violaram as instituições democráticas na capital do país vieram tanto de lideranças progressistas quanto de políticos conservadores da extrema direita.

Congresso Nacional, em Brasília (Foto: Agência Senado/Flickr)

O presidente dos EUA, Joe Biden, classificou a invasão como “ultrajante” e um “ataque à democracia”. Em sua conta no Twitter, o chefe da Casa Branca disse o seguinte: “Condeno o atentado à democracia e à transferência pacífica de poder no Brasil. As instituições democráticas do Brasil têm todo o nosso apoio e a vontade do povo brasileiro não deve ser abalada. Estou ansioso para continuar a trabalhar com Lula”, disse Biden.

Os EUA viveram situação parecida em 2021, quando apoiadores do então presidente Donald Trump, insatisfeitos com o resultado das eleições, invadiram e vandalizaram o Capitólio, cenas até então inimagináveis no país que se declara o grande bastião da democracia no mundo.

O senador democrata Bob Menendez, presidente do comitê de Relações Exteriores do Senado americano, inclusive citou a invasão ao Congresso americano ao falar sobre o assunto no Twitter, igualmente se referindo ao ataque como “ultrajante”, além de disparar críticas a Bolsonaro.

“Condeno esse ataque ultrajante aos prédios do governo do Brasil incitado pelo demagogo Bolsonaro pelo desrespeito imprudente pelos princípios democráticos. Dois anos desde 6 de janeiro, o legado de Trump continua a envenenar nosso hemisfério. Proteger a democracia e responsabilizar os atores malignos é essencial”, afirmou Menedez.

Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, observou que “a democracia deve ser sempre respeitada”. Em um tuíte escrito em português, ela se declarou “profundamente preocupada com o que está acontecendo no Brasil” e afirmou que “a democracia deve ser sempre respeitada”. A política maltesa ainda sublinhou que “o Parlamento Europeu está do lado do governo Lula e de todas as instituições legítimas e democraticamente eleitas”.

Da França, o presidente Emmanuel Macron declarou que “Lula pode contar com o apoio inabalável” do seu país. “A vontade do povo brasileiro e das instituições democráticas deve ser respeitada!”, disse a publicação escrita em português em sua conta no Twitter.

Já o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly, classificou o vandalismo como “injustificável”: “As tentativas violentas de minar a democracia no Brasil são injustificáveis”. Ele disse ainda que “o presidente Lula e o governo do Brasil têm total apoio do Reino Unido”.

A insurreição pró-Bolsonaro também foi alvo de críticas de lideranças do mesmo espectro político do ex-presidente do Brasil. Na Itália, a primeira-ministra Giorgia Meloni, que chegou a fazer parte da ala jovem do partido Movimento Social Italiano, fundado em 1946 por apoiadores do ditador fascista Benito Mussolini, declarou “solidariedade às instituições brasileiras”:

“O que está acontecendo no Brasil não pode nos deixar indiferentes”, disse a líder do governo italiano mais direitista desde a Segunda Guerra Mundial. “As imagens da irrupção nos gabinetes institucionais são inaceitáveis ​​e incompatíveis com qualquer forma de dissidência democrática. O retorno à normalidade é urgente e nos solidarizamos com as instituições brasileiras”.

Na Índia, o primeiro-ministro Narendra Modi, conhecido pelo seu ultranacionalismo e por ter mobilizado uma base religiosa a partir de um discurso conservador, também falou contra o episódio:

“Profundamente preocupado com as notícias de tumultos e vandalismo contra as instituições do Estado em Brasília. As tradições democráticas devem ser respeitadas por todos. Estendemos nosso total apoio às autoridades brasileiras”, declarou o indiano.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia emitiu uma nota assinada pela porta-voz Maria Zakharova. “Consideramos inaceitáveis as tentativas de violação da ordem constitucional e expressamos nosso total apoio ao Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que tomou posse em 1º de janeiro de 2022. Estamos certos de que, com base em sua autoridade, reafirmada em voto popular, bem como a sua experiência no governo do Estado, e com base na tradição democrática do país, conseguirá ultrapassar as consequências destes acontecimentos”.

A China, que é membro do Brics ao lado de Brasil, Rússia e Índia, também falou através do Ministério das Relações Exteriores. “A China está acompanhando de perto a situação e se opõe firmemente ao ataque violento às autoridades federais no Brasil em 8 de janeiro. O Brasil é o parceiro estratégico abrangente da China. A China apoia as medidas tomadas pelo governo brasileiro para acalmar a situação, restaurar a ordem e manter o país estável. Acreditamos que sob a liderança do Presidente Lula da Silva, o Brasil continuará a desfrutar de estabilidade e harmonia social”, disse o porta-voz da pasta Wang Wenbin.

Na América do Sul, o presidente argentino Alberto Fernández classificou os atos terroristas como uma “tentativa de golpe”: “Quero expressar meu repúdio ao que está acontecendo em Brasília. Meu e do povo argentino apoio incondicional a Lula diante dessa tentativa de golpe que ele está enfrentando”.

No Peru, que passou por manifestações recentes após a tentativa fracassada de golpe do presidente deposto Pedro Castillo, o Ministério das Relações Exteriores emitiu uma nota oficial que “condena energicamente o ataque”:

“O governo do Peru condena energicamente o assalto à sede do Congresso, à Presidência e ao Supremo Tribunal Federal e qualquer tentativa de desconsiderar a legitimidade das eleições de outubro de 2022. Nossa solidariedade ao presidente Lula e à democracia brasileira”.

Do Chile, o presidente Gabriel Boric também se pronunciou sobre o terrorismo em Brasília: “O governo brasileiro tem todo o nosso apoio diante desse covarde e vil ataque à democracia”.

Ele também solicitou, ainda no domingo (8), uma reunião urgente na OEA (Organização dos Estados Americanos) para tratar do assunto. A proposta é “lançar uma mensagem clara de repúdio às ameaças da extrema direita e movimentos que ganham força em diversas partes do mundo”, segundo disse o jornalista Jamil Chade em sua coluna no UOL.

Fundada em 1948, a OEA reúne 35 Estados das Américas e constitui o principal fórum governamental político, jurídico e social das Américas.

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