Governo Trump ameaça deportar 240 mil ucranianos que fugiram da guerra

Refugiados que encontraram abrigo nos EUA enfrentam incerteza com possível revogação de status humanitário

A administração do presidente dos EUA, Donald Trump, está preparando uma medida que pode revogar o status legal temporário de aproximadamente 240 mil ucranianos que buscaram refúgio no país após fugirem do conflito com a Rússia. A decisão, que deve ser anunciada em abril, colocaria esses refugiados em risco de deportação acelerada, segundo fontes próximas ao governo. As informações são da agência Reuters.

A possível revogação faz parte de um plano mais amplo para encerrar programas de proteção humanitária criados durante o governo de Joe Biden, que beneficiam mais de 1,8 milhão de migrantes. Além dos ucranianos, cerca de 530 mil cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos também podem perder seu status temporário.

Presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e dos EUA, Donald Trump (Foto: White House/Flickr)

Um e-mail interno do ICE (Serviço de Imigração e Controle Alfandegário) obtido pela Reuters revela que migrantes sem status legal podem ser colocados em processos de deportação acelerada. Para aqueles que entraram nos EUA por portos oficiais, mas sem serem formalmente “admitidos” no país, não há limite de tempo para a remoção.

A Casa Branca, no entanto, nega que uma decisão final tenha sido tomada. “Nenhuma decisão foi feita neste momento”, afirmou a secretária de imprensa Karoline Leavitt em uma publicação no X, antigo Twitter. O Departamento de Segurança Interna também declarou que não há novos anúncios sobre o tema.

Entre os afetados está Liana Avetisian, que deixou Kiev em maio de 2023 e se estabeleceu com a família em DeWitt, Iowa. Ela trabalhava no setor imobiliário na Ucrânia e agora monta janelas, enquanto o marido atua na construção civil. Com o status da família prestes a expirar em maio, a incerteza sobre o futuro tem causado estresse. “Não sabemos o que fazer”, disse ela.

A medida também impacta aliados dos EUA, como Rafi, um ex-oficial de inteligência afegão que colaborou com tropas americanas no Afeganistão. Ele entrou nos EUA legalmente em janeiro de 2024, mas foi detido durante uma checagem de rotina em fevereiro e teve seu status revogado. “Eu não esperava esse comportamento deles”, declarou o afegão.

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