Integrante do Pussy Riot diz que ambiente nos EUA cada vez mais lembra o da Rússia de Putin

Nadya Tolokonnikova cita autoritarismo do governo russo e traça um paralelo com as medidas adotadas por Donaldo Trump

O coletivo Pussy Riot participou no sábado (15) de um protesto em Los Angeles empunhando uma faixa vermelha com os dizeres “Está começando a parecer muito com a Rússia”. O ato, que reuniu cerca de 20 mil pessoas no centro da cidade norte-americana, foi uma das mais de duas mil manifestações realizadas nos EUA em resposta ao endurecimento de ações do governo Trump, incluindo o envio da Guarda Nacional e dos Fuzileiros Navais à Califórnia. As informações são da rebista Rolling Stone.

A mobilização ocorreu no mesmo dia em que o presidente Donald Trump promoveu um desfile militar em Washington, D.C., em comemoração ao seu aniversário de 79 anos. O evento foi alvo de críticas por seu alto custo e conotação militarista. Nos protestos, manifestantes expressaram repúdio à intensificação das operações de imigração e ao uso crescente de forças militares em contextos civis.

Protesto do Pussy Riot em fevereiro de 2012 (Foto: Wikimedia Commons)

O grupo russo feminista e antiautoritarismo, conhecido por suas ações performáticas contra o regime de Vladimir Putin, também teve sua exposição “Police State” adiada por razões de segurança. O Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles (MOCA) anunciou a suspensão temporária da instalação de Nadya Tolokonnikova, marcada para o último fim de semana da mostra, citando “atividade militar nas proximidades do centro de detenção federal”. A nova data ainda não foi divulgada.

Em comunicado, Tolokonnikova traçou paralelos entre o atual cenário nos Estados Unidos e a repressão vivida na Rússia. “Não é exatamente uma colônia penal aqui, mas é uma casa de correção”, disse. “Quando a lei deixa de proteger as liberdades e passa a punir de forma seletiva e voluntária quem se manifesta, nenhum advogado pode te dizer o que é seguro ou não.”

Tolokonnikova contou que resistiu a deixar a Rússia por anos. “Se eu ficasse, passaria o resto da vida atrás das grades.” Ela acusou Putin de prometer “segurança e estabilidade”, mas entregar “a guerra mais sangrenta da Europa moderna”. Sobre os Estados Unidos, ela afirmou que “está começando a parecer muito com a Rússia em todo lugar que você vá.”

A artista, que define sua função como a de traduzir sentimentos em arte, disse que criou a exposição para expressar a sensação de sufocamento crescente. “As paredes estão se fechando, os sistemas de câmeras estão ganhando upgrades com inteligência artificial, você precisa se censurar ou homens mascarados aparecerão na sua casa, no seu trabalho, na sua igreja.”

Tolokonnikova ironizou a presença das forças de segurança durante a manifestação e o adiamento da instalação “Police State”, que coincidiria com os protestos. “Acho que esta foi minha primeira colaboração artística com as Forças Armadas dos Estados Unidos”, declarou.

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