Justiça dos EUA denuncia cinco por perseguição a dissidentes chineses

Acusados, que estariam a serviço da China, perseguiram ativistas chineses anti-Beijing em território norte-americano

O Departamento de Justiça dos EUA (DOJ, na sigla em inglês) acusou na quarta-feira (16) cinco pessoas de perseguir e sufocar críticas anti-Beijing feitas por ativistas chineses em território norte-americano. Segundo o órgão, as acusações, direcionadas a supostos agentes do regime chinês, são de conspiração para sabotagem a campanha eleitoral, espionagem e violência. As informações são da rede Radio Free Asia.

De acordo com promotores de Justiça, foram investigados três casos separados, em que há alegações de complôs que incluem agressão física, tentativa de suborno a autoridades fiscais em troca de informações sobre um defensor da reforma democrática na China e espionagem de membros da comunidade dissidente chinesa residente nos Estados Unidos.

Um dos acusados é o chinês Qiming Lin, de 59 anos. Ele é agente do Ministério de Segurança do Estado da China e, de acordo com o DOJ, teria contratado um investigador particular em Nova York e dado a ele a missão de “atrapalhar” a campanha de um morador do Brooklyn. Lin também pediu ao investigador que o agredisse fisicamente.

Sun Qiang, um dos cinco acusados e que ainda permanece em liberdade, é procurado pelo FBI (Foto: Twitter/Reprodução)

O jornal The New York Times identificou o candidato como o chinês naturalizado americano Yan Xiong, um líder estudantil presente nos protestos da Praça da Paz Celestial em 1989. Xiong tem sido um crítico ativo do regime de Xi Jinping e, desde que conquistou dupla cidadania, em 2015, participa de protestos pró-democracia em Hong Kong. Em 2021 ele anunciou que irá buscar um assento na Câmara dos Deputados para representar Long Island, onde morava na época.

O segundo caso envolve Shujun Wang, 73 anos, do Queens, suposto espião de dissidentes chineses a serviço do Ministério da Segurança desde 2015. Wang, que já trabalhou como professor, ajudou a criar uma organização pró-democracia no bairro nova-iorquino que homenageia dois ex-líderes do Partido Comunista Chinês (PCC) que defenderam reformas, mas foram destituídos do poder.

Outras tramas incluem perseguição, assédio e tentativa de obter informações pessoais de dissidentes, como cópias de seus passaportes e números de seguro social dos EUA. Os casos evidenciam o que as autoridades americanas descrevem como “esforços cada vez mais agressivos do governo chinês para procurar, silenciar e ameaçar ativistas pró-democracia no exterior”.

O FBI divulgou as identidades dos acusados em sua conta oficial no Twitter. De acordo com o Departamento Federal de investigação, os indivíduos agem “em nome da Polícia Secreta da República Popular da China”.

“Esta atividade é antitética aos valores americanos fundamentais e não a toleraremos quando violarem a lei dos EUA”, declarou em comunicado Matthew Olsen, procurador-geral assistente que lidera a Divisão de Segurança Nacional do DOJ.

A nota acrescentou que o Departamento de Justiça está imbuído na defesa dos direitos dos norte-americanos “e daqueles que vêm morar, trabalhar e estudar nos Estados Unidos”. Segundo Olsen, não será permitido a nenhum governo estrangeiro negar a esses cidadãos a “liberdade de expressão e a proteção de nossas leis, nem ameaçar sua segurança ou a segurança de suas famílias”.

A China rechaçou as acusações por meio do seu porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian. Segundo ele, as denúncias são “caluniosas”, acrescentando que “Beijing nunca exige a seus cidadãos que efetuem atividades ilegais em seu país de residência”.

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