Material publicado originalmente no Jornal da USP (Universidade de São Paulo)
A América Latina possui intelectuais e lideranças políticas capazes de se desvencilhar do eurocentrismo, apontou a professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Angélica Lovatto.
Em entrevista ao podcast Brasil Latino, da Rádio USP, a pesquisadora afirmou que a produção de uma reflexão autônoma é possível – inclusive no Brasil, um país conhecido por negar suas origens latino-americanas.
A percepção europeia, segundo ela, segue impregnada no continente ocupado, majoritariamente, por portugueses e espanhóis. “Houve uma espoliação típica do processo de colonização“, afirma.

“O resultado do eurocentrismo é o controle das metrópoles centrais sobre os países da periferia, evitando assim movimentos soberanos e de ruptura com a dependência econômica“.
O processo de globalização do capitalismo contribuiu para o enfraquecimento das nações latino-americanas. Em consequência, desestabilizações políticas e dificuldades extremas para a consolidação da democracia ainda deixam raízes profundas nos países do continente.
Alguns teóricos, no entando, já produziram obras de retração ao domínio colonial. São exemplos os peruanos José Carlos Mariategui e Victor Haya de la Torre, além do cubano José Martí.
Outras referências no pensamento político mundial são os centro-americanos Augusto Cesar Sandino e Farabundo Martí. “O continente tem o que oferecer para a cada vez mais necessária reflexão sobre o seu futuro”, pontuou Lovatto.