Presidente do México quer desculpas da Espanha por abusos durante colonização

AMLO quer retratação de Madri antes do bicentenário da independência, comemorado em 2021

A rejeição da Espanha a um pedido de desculpas ao México pelos abusos do período colonial não agradou o presidente do país, Andrés Manuel López Obrador. Na quarta (30), AMLO disse esperar uma “mudança de atitude” e relançou a proposta à Casa Real em Madri.

O chefe de Estado mexicano solicitou desculpas à Espanha ainda em março de 2019. A proposta se estende ao Papa, a quem AMLO pediu um relato dos abusos sofridos pelos povos indígenas durante a conquista espanhola.

“Não descartamos que haja uma mudança de atitude e que, com humildade, nos ofereçam um pedido de desculpas. Queremos deixar esse confronto para trás e unir forças e olhar para frente”, disse o presidente ao jornal espanhol “El País“.

Presidente do México espera 'mudança de atitude' de Espanha sobre período colonial
Crianças indígenas sob supervisão em uma praça de San Cristóbal, cidade do estado mexicano de Chiapas, em janeiro de 2010 (Foto: Flickr/Darij Zadnikar)

O objetivo, segundo o presidente, é superar “divergências e ressentimentos que a história colocou entre os povos da Espanha e México” e, assim, celebrar os 200 anos da independência do país latino-americano em 2021.

O governo espanhol, no entanto, lamentou “profundamente” o pedido e afirmou que seguirá ao lado do México para “construir um marco adequado” na intensificação das relações e cooperação entre os dois países.

Entre os 12 atos comemorativos de 2021, um deles dedica-se ao perdão pelos “abusos e atrocidades” promovidos pela Coroa na invasão colonial.

“Não se trata de concordar ou discordar, mas de fechar feridas”, pontuou AMLO. Além do México, países como Burundi e Ruanda, na África, também solicitam uma resposta pela barbárie promovida pela colonização.

Bravatas de AMLO

AMLO é dado a grandes manifestações que apelem aos brios da população e foi definido como “um populista autoritário” pelo diário britânico “Financial Times“, em editorial deste domingo (4).

Conduzido ao cargo por uma plataforma de “combate à corrupção”, chegou a propor um referendo sobre eventuais processos contra ex-presidentes acusados em processos judiciais.

No início da pandemia, foi um dos chefes de Estado que subestimou em público a capacidade de destruição do novo coronavírus. O presidente mostrou seus “amuletos” contra a doença, uma nota de dólar e um trevo, e pediu que a população continuasse com “vida normal”.

O país deve registrar o segundo pior resultado econômico da América Latina neste ano, atrás apenas da Argentina. A estimativa é de retração na casa de 10,5% ante 2019, contra 12% do país sul-americano. O cálculo é do FMI (Fundo Monetário Internacional).

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