Maduro sabia das violações a direitos humanos na Venezuela, diz ONU

Estado conduzia violência sistemática contra oponentes, segundo relatório; ministros estão envolvidos

Uma investigação da ONU (Organização das Nações Unidas) revelou que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e dois ministros tinham conhecimento das violações realizadas no país.

O Estado conduzia e sistematizava a “violência contra dissidentes” – ato que constitui crime contra a humanidade, constatou o relatório da ONU, divulgado nesta quarta (16).

“Tanto o presidente Nicolás Maduro como os ministros do Interior e da Defesa estavam cientes e deram ordens, coordenaram e disponibilizaram recursos para apoiar os crimes”, afirmou a presidente da missão, Marta Valiñas. “Não foram ‘eventos isolados'”.

Maduro sabia das violações a direitos humanos na Venezuela, diz ONU
Nicolás Maduro em sua campanha nas eleições, no centro da capital venezuelana, Caracas, em abril de 2013 (Foto: CreativeCommons/Joka Madruga)

A missão investigou 223 casos desde 2014. Em entrevistas por telefone, 274 vítimas, ex-servidores e advogados testemunharam as violações.

No início de setembro, outro relatório das Nações Unidas revelava o aumento do abuso de autoridade e perseguição de ativistas desde o início da pandemia no país.

Como ocorriam

De acordo com a ONU, o CICPC (Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminais) e as FAES (Forças de Ação Especial), da Polícia Nacional Bolivariana são responsáveis por 59% das mortes desde 2014.

Enquanto o primeiro identificava possíveis dissidentes do regime, o segundo agia de forma extrajudicial. Fora do sistema penitenciário oficial, os detidos enfrentavam acusações de falsos crimes. Tratamentos cruéis e degradantes também eram comuns, disse o relatório.

O governo da Venezuela não respondeu às inúmeras solicitações de visitas ao país, o que impediu a pesquisa em campo da missão.

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