Uma investigação da ONU (Organização das Nações Unidas) revelou que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e dois ministros tinham conhecimento das violações realizadas no país.
O Estado conduzia e sistematizava a “violência contra dissidentes” – ato que constitui crime contra a humanidade, constatou o relatório da ONU, divulgado nesta quarta (16).
“Tanto o presidente Nicolás Maduro como os ministros do Interior e da Defesa estavam cientes e deram ordens, coordenaram e disponibilizaram recursos para apoiar os crimes”, afirmou a presidente da missão, Marta Valiñas. “Não foram ‘eventos isolados'”.
A missão investigou 223 casos desde 2014. Em entrevistas por telefone, 274 vítimas, ex-servidores e advogados testemunharam as violações.
No início de setembro, outro relatório das Nações Unidas revelava o aumento do abuso de autoridade e perseguição de ativistas desde o início da pandemia no país.
Como ocorriam
De acordo com a ONU, o CICPC (Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminais) e as FAES (Forças de Ação Especial), da Polícia Nacional Bolivariana são responsáveis por 59% das mortes desde 2014.
Enquanto o primeiro identificava possíveis dissidentes do regime, o segundo agia de forma extrajudicial. Fora do sistema penitenciário oficial, os detidos enfrentavam acusações de falsos crimes. Tratamentos cruéis e degradantes também eram comuns, disse o relatório.
O governo da Venezuela não respondeu às inúmeras solicitações de visitas ao país, o que impediu a pesquisa em campo da missão.