Maduro tira canal alemão do ar e o chama de ‘nazista’ após denúncia de corrupção

Deutsche Welle teve sinal cortado após divulgar estudo que classifica a Venezuela como o segundo país mais corrupto do mundo

Na segunda-feira (4), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que a emissora alemã Deutsche Welle (DW) é um veículo de comunicação “nazista“. O comentário foi feito durante o programa semanal do líder comunista na TV estatal venezuelana e veio na esteira de um estudo repercutido pela DW sobre a corrupção no país sul-americano.

“A DW é um meio de comunicação nazi da Alemanha. Eles têm uma campanha imputando aos venezuelanos todos os crimes atuais no mundo”, disse Maduro.

Na terça-feira (5), um dia após o ataque verbal, a DW foi retirada da programação por duas operadoras locais de TV a cabo, de acordo com informações do sindicato de imprensa do país. Uma investigação está em andamento para determinar se a emissora foi removida de outros serviços de transmissão.

Presidente venezuelano Nicolás Maduro (Foto: WikiCommons)

A suspensão ocorreu logo após a emissora publicar um vídeo nas suas redes sociais, no qual a Venezuela foi classificada como o segundo país mais corrupto do mundo, com base em relatórios da Transparência Internacional, uma ONG dedicada ao combate à corrupção em nível global, e da Insight Crime, uma organização de mídia investigativa que se concentra na cobertura e análise do crime organizado na América Latina e no Caribe.

O vídeo também destacou alegados laços entre políticos venezuelanos e redes criminosas.

Em resposta, o ministro de Comunicação e Informação da Venezuela foi às redes sociais para acusar a DW de espalhar mentiras, difamação e ódio contra o país.

“Seus boatos são nojentos, mas a pobreza de seu conteúdo também é vergonhosa”, escreveu o ministro Alfred Nazareth em sua conta no X, antigo Twitter.

A Deutsche Welle confirmou a suspensão de sua transmissão na televisão a cabo. Peter Limbourg, diretor da emissora, instou Caracas a restaurar o serviço da DW em espanhol o mais rapidamente possível. Ele considerou o ato um “grave ataque à liberdade das pessoas na Venezuela de se informarem de forma independente.”

Limbourg destacou os desafios enfrentados pela DW, observando que questões como censura e difamação estão se tornando cada vez mais comuns em diversos países. Ele enfatizou o compromisso contínuo do veículo de alcançar pessoas que vivem sob regimes autoritários.

“A difamação, a censura, os bloqueios da internet e a propagação de informações falsas sobre a DW e as suas reportagens é algo que enfrentamos em um número crescente de países. Continuaremos a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para chegar às pessoas que vivem sob regimes autoritários”, disse ele.

Desde 2020, pelo menos dez canais internacionais de televisão foram retirados dos sistemas de televisão a cabo na Venezuela, de acordo com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP, na sigla em espanhol). Essas ações foram ordenadas pelo ex-presidente Hugo Chávez e seu sucessor, Maduro. Entre os canais afetados estão a CNN em Espanhol e a colombiana NTN24.

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