Otan tem três anos para se preparar para um ataque da Rússia, diz autoridade polonesa

Chefe do Departamento de Segurança Nacional da Polônia contesta projeções otimistas e diz que Moscou deve atacar antes do que se imagina

Um conflito entre a Rússia e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) está mais próximo do que se imagina. A opinião é de Jacek Siewiera, chefe do Departamento de Segurança Nacional da Polônia, segundo quem os países-membros da aliança militar têm um prazo de três anos para se preparar para uma agressão russa . A informação é do jornal Independent.

A manifestação da autoridade polonesa veio em resposta a uma avaliação feita pelo think tank Conselho Alemão de Relações Exteriores, segundo o qual Moscou representa a maior ameaça a países da Otan atualmente. Conforme a avaliação da entidade, a Rússia precisaria de algo entre seis e dez anos após a guerra da Ucrânia para se reestruturar militarmente e atacar a aliança militar.

Siewiera, entretanto, entende que a projeção é otimista demais. “Se quisermos evitar a guerra, os países da Otan no flanco oriental deveriam adotar um período mais curto, de três anos, para se preparar para o confronto”, disse ele ao jornal polonês Nasz Dziennik.

Tropas aliadas da Otan de Estônia, França e Reino Unido na Estônia, novembro de 2023 (Foto: Otan/Flickr)

Segundo ele, três anos é o prazo máximo para que a Otan crie “um potencial no flanco oriental que seria um sinal claro para dissuadir a agressão” russa.

Conforme a avaliação de Siewiera, os alvos potenciais de Moscou são, além da própria Polônia, também Estônia, Romênia e Lituânia, os quatro os países-membros que ocupam a porção mais oriental da aliança militar.

Gastos com defesa

Prazos à parte, a Otan está atenta à ameaça russa e constantemente pressiona seus membros para que aumentem o investimento em defesa. Jens Stoltenberg, líder da aliança, afirmou no final de outubro que os estoques de munição dos integrantes estão perigosamente baixos e deveriam ser motivo de atenção.

Os países da Otan e seus fornecedores de defesa já enfrentavam dificuldades para atender à demanda causada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. Agora, têm uma preocupação a mais por conta do apoio de alguns dos membros a Israel, que está se preparando para uma ofensiva terrestre em Gaza.

“Não há como voltar para onde estávamos antes”, disse o secretário-geral da Otan durante uma reunião com a indústria de defesa em Estocolmo, na Suécia, há pouco mais de dois meses.

Antes disso, em maio de 2023, Stoltenberg já havia cobrado dos membros o aumento de seus gastos com as Forças Armadas. À época, ele destacou a necessidade de um acordo para que cada nação comprometesse um mínimo de 2% do produto interno bruto (PIB) com a defesa.

Citando um relatório de 2021 da aliança militar, ele destacou que, dos 30 países membros (31 incluindo a recém-integrada Finlândia), apenas sete atingiram a meta de alocar 2% do PIB para gastos com defesa antes do início do conflito entre Rússia e Ucrânia.

Recorde de gastos

Se o investimento dos países-membros da Otan desagrada Stoltenberg, a realidade global é diferente. Os gastos militares globais cresceram pelo oitavo ano consecutivo em 2022, atingindo um recorde histórico de US$ 2,24 trilhões, segundo o think tank sueco Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri, da sigla em inglês).

O forte aumento foi registrado principalmente na Europa, particularmente por conta das despesas de Moscou e Kiev com o conflito iniciado em fevereiro do ano passado.

Segundo o Sipri, enquanto os gastos globais tiveram acréscimo de 3,7%, o aumento no continente europeu foi de 13%, o maior em três décadas. O relatório apontou que a ajuda militar à Ucrânia e as preocupações com uma ameaça crescente da Rússia “influenciaram fortemente as decisões de gastos de muitos outros Estados.”

O órgão independente acrescentou que, no ano passado, os países que mais gastaram com equipamento bélico foram os Estados Unidos, a China e a Rússia. Juntos, esses três representam 56% do que foi gasto em armas no mundo todo.

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