Puxados pela guerra na Ucrânia, gastos militares mundiais têm recorde de US$ 2,24 trilhões

Relatório de think tank sueco aponta que o mundo está cada vez mais inseguro, com EUA, China e Rússia em destaque

Os gastos militares globais cresceram pelo oitavo ano consecutivo em 2022, atingindo um recorde histórico de US$ 2,24 trilhões, disse um think tank sueco nesta segunda-feira (24). O forte aumento foi registrado principalmente na Europa, particularmente por conta das despesas de Moscou e Kiev com o conflito iniciado em fevereiro do ano passado. As informações são da agência Al Jazeera.

Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri, da sigla em inglês), enquanto os gastos globais tiveram acréscimo de 3,7%, no continente europeu o aumento foi de 13%, o maior em três décadas. O relatório apontou que a ajuda militar à Ucrânia e as preocupações com uma ameaça crescente da Rússia “influenciaram fortemente as decisões de gastos de muitos outros estados”.

O órgão independente acrescentou que, no ano passado, os países que mais gastaram com equipamento bélico foram os Estados Unidos, a China e a Rússia. Juntos, esses três representam 56% do que foi gasto em armas no mundo todo.

Míssil russo disparado durante treinamento (Foto: reprodução/Facebook)

Alguns dos aumentos mais acentuados foram vistos em países próximos ao território russo, como é o caso de Finlândia (36%) e Suécia (12%). O primeiro entrou para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), enquanto o segundo espera ser aceito até junho. Já na Lituânia os gastos subiram 27%.

Segundo Lorenzo Scarazzato, pesquisador do Programa de Despesas Militares e Produção de Armas do Sipri, “muitos ex-Estados do bloco oriental mais que dobraram seus gastos militares desde 2014, ano em que a Rússia anexou a Crimeia.”

Também pesquisador do mesmo programa que Scarazzato, Nan Tian disse que o aumento contínuo dos gastos militares globais nos últimos anos é um sinal de que o mundo cada vez mais inseguro. “Os Estados estão reforçando a força militar em resposta a um ambiente de segurança em deterioração, que eles não preveem melhorar no futuro próximo.”

Os Estados Unidos surgem no topo da lista de nações que mais investem em defesa, com uma fatia de 39% do gasto militar global total. Foram US$ 877 bilhões em 2022, um aumento de 0,7%. O acréscimo foi fortemente impulsionado pelo “nível sem precedentes de ajuda militar financeira fornecida à Ucrânia”, acrescentou Tian. Segundo o Sipri, Washington colocou nos cofres de Kiev US$ 19,9 bilhões em 2022.

A China segue como o segundo país que mais gasta com armas no mundo, Cerca de US$ 292 bilhões foram investidos em 2022, cifra que representa 4,2% a mais do que em 2021. Foi o 28º aumento anual consecutivo.

A Rússia ampliou seus gastos militares em cerca de 9,2% em 2022, indo para US$ 86,4 bilhões. Isso equivale a 4,1% do produto interno bruto do país em 2022, acima dos 3,7% do ano anterior.

Tensões na Ásia

O Japão e a China lideraram os gastos militares na Ásia e na Oceania, que chegaram a US$ 575 bilhões. De acordo com o Sipri, a região vêm registrando aumento com esse tipo de gasto desde o final dos anos 1980.

Beijing adotou uma postura belicista na tentativa de controlar a situação em Taiwan. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com sua “província rebelde” e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

Além disso, há também questões no Mar da China Meridional, que envolvem disputas geopolíticas entre diversas nações asiáticas. A China reivindica grandes extensões de uma uma das regiões mais disputadas do mundo. Filipinas, Vietnã, Malásia, Brunei e Taiwan também estão inseridos na disputa pelos ricos recursos naturais da hidrovia.

Beijing e Tóquio também estão envolvidos em uma disputa sobre as ilhas Senkaku. Embora esteja sob controle do Japão, o arquipélago é reivindicado pela China. Barcos chineses são constantemente vistos na região, uma forma de o governo chinês pressionar os japoneses em meio à disputa territorial.

 

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