Pentágono diz que China ampliou arsenal nuclear e desenvolveu mísseis capazes de atingir os EUA

Relatório do Departamento de Defesa dos EUA diz que a China atingiu, em maio deste ano, a marca de 500 ogivas nucleares

Em seu relatório anual sobre o poderio militar da China, o Pentágono, Departamento de Defesa dos Estados Unidos, afirma que Beijing acelerou a expansão de seu arsenal nuclear e desenvolveu mísseis balísticos capazes de atingir o território norte-americano. As informações foram divulgadas pelo jornal Financial Times.

Segundo o documento, a China atingiu, em maio de 2023, a marca de 500 ogivas nucleares, acima de projeções anteriores feitas por Washington e de avaliações de entidades independentes. Considerando o ritmo atual, a previsão é de que as forças armadas chinesas tenham à disposição, até 2030, cerca de mil artefatos com capacidade nuclear.

Teste de disparo de mísseis realizado pelas forças armadas da China (Foto: eng.chinamil.com.cn)

O objetivo de Beijing ao ampliar seu arsenal é reduzir ao máximo a diferença em relação aos EUA, que têm o maior arsenal nuclear ativo do mundo, embora a Rússia possua mais ogivas no total, somando-se as armazenadas e aposentadas. Enquanto se fortalece, o governo chinês não admite abrir negociações de controle de armas, segundo um funcionário do governo norte-americano do setor de defesa.

“O que eles (os chineses) estão fazendo agora, se compararmos com o que faziam há cerca de uma década, realmente excede em muito isso, em termos de escala e complexidade”, disse a fonte sob condição de anonimato, segundo relatou o site Politico. “Eles estão expandindo e investindo em suas plataformas de lançamento nuclear terrestres, marítimas e aéreas, bem como na infraestrutura necessária para apoiar esta grande expansão de suas forças nucleares.”

Ameaça crescente

Estudo publicado em junho deste ano pelo think tank sueco Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI na sigla em inglês) já havia alertado que a ameaça nuclear global aumentou consideravelmente entre janeiro de 2022 e janeiro de 2023, com uma quantidade maior de ogivas à disposição das forças armadas das grandes potências.

Em janeiro, o estoque global total ogivas era de 12.512, sendo que 9.576 estavam em estoques militares para uso potencial. Trata-se de um aumento de 86 ogivas operacionais em relação ao que se registrava em janeiro de 2022, indicando uma maior prontidão das grandes potências para um eventual ataque.

Dessas mais de 9,5 mil ogivas, 3.844 foram implantadas em mísseis e aeronaves. Já outras duas mil, quase todas pertencentes a Rússia ou EUA, são mantidas em alerta operacional máximo, o que significa que estão instaladas em mísseis ou mantidas em bases aéreas que hospedam bombardeiros nucleares.

O estudo mostra que Moscou e Washington continuam na liderança absoluta do ranking nuclear, com 90% de todas as ogivas do mundo. Os EUA tinham, em janeiro, 5.244 ogivas, sendo 1.938 instaladas em mísseis ou posicionadas em bases com forças militares operacionais. Outras 3.708 estariam armazenadas, exigindo algum trabalho para serem utilizadas, além de 1.536 aposentadas. No caso da Rússia, seriam 5.889 no total, sendo 1.674 ativas, 2.815 armazenadas e 1.400 aposentadas.

Segundo o estudo do SIPRI, a China já havia aumentado seu arsenal de 350 para 410 ogivas até janeiro de 2023, todas elas armazenadas. Pelas contas de Washington, entretanto, já são cerca de 500, e Beijing tem investido na construção de silos de mísseis que poderiam ser usados por artefatos com capacidade nuclear.

De acordo com o Pentágono, as forças armadas chinesas também desenvolveram novos mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs, na sigla em inglês) convencionais, ou não nucleares. Isso “permitiria à República Popular da China ameaçar ataques convencionais contra alvos no território continental dos EUA, no Havaí e no Alasca”, diz o relatório.

De quebra, o Exército de Libertação Popular (ELP) chinês ostenta hoje a maior marinha do mundo em numero de embarcações militares, com 370, e no ano passado apresentou seu terceiro porta-aviões. A força aérea chinesa também cresce rapidamente, com um alto investimento sobretudo em sistemas aéreos não tripulados, sendo capaz de rivalizar com qualquer potência ocidental.

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